Em um novo estudo publicado na revista científica Nature Geoscience, um grupo de geólogos afirma ter encontrado uma nova explicação para problemas ambientais que ocorreram na Terra entre 185 milhões e 85 milhões de anos atrás. Esses eventos ficaram conhecidos como eventos anóxicos oceânicos, pois os oceanos ficaram significativamente sem oxigênio — eventos anóxicos não ocorrem há milhões de anos.
Conforme explicam os autores, esses eventos influenciaram significativamente o desenvolvimento biológico da Terra e, na época, causaram extinções em massa de animais marinhos. Segundo a equipe internacional de cientistas, foi como se o planeta tivesse ‘resetado’ seu ecossistema. Por isso, o estudo buscou entender o que poderia ter ocorrido para resultar nesses eventos.
Os pesquisadores utilizaram análises estatísticas e modelos computacionais para compreender como os ciclos químicos do oceano poderiam ter respondido à separação do supercontinente Gondwana. Além disso, eles estudaram o impacto das placas tectônicas durante a era Mesozoica, que abrange os períodos Jurássico e Cretáceo da nossa história.
“Os eventos anóxicos duravam tipicamente cerca de um a dois milhões de anos e tinham impactos profundos nos ecossistemas marinhos, cujo legado é sentido até hoje. As rochas ricas em matéria orgânica que se acumularam durante esses eventos são de longe a maior fonte de reservas comerciais de petróleo e gás globalmente”, disse um dos autores do estudo e professor de evolução do sistema terrestre na Universidade de Leeds, Benjamin Mills.
Redução do oxigênio e extinção em massa
O artigo sugere que a redução de oxigênio nos oceanos pode ter sido causada pela separação do supercontinente, resultando na extinção em massa. Durante esse processo, ocorreu uma intensa atividade vulcânica em todo o planeta, e as placas tectônicas podem ter liberado uma alta quantidade de fósforo.
Mas não foi tão simples assim. Na realidade, o fósforo pode ter atuado como um fertilizante natural nos oceanos, o que possibilitou o florescimento de organismos marinhos.
O evento catastrófico pode ter causado extinção em massa de espécies marinhas.Fonte: Universidade de Southampton
Ao mesmo tempo, isso também aumentou a atividade biológica e a quantidade de matéria orgânica no fundo do oceano; foi exatamente esse processo que consumiu o oxigênio. Inclusive, algumas partes do oceano tinham tão pouco oxigênio que parte da vida marinha nessas regiões não sobreviveu.
“Estudar eventos geológicos oferece insights valiosos que podem nos ajudar a entender como a Terra pode responder a futuros estresses climáticos e ambientais. É notável como uma cadeia de eventos dentro da Terra pode impactar a superfície, frequentemente com efeitos devastadores. Separar continentes pode ter repercussões profundas no curso da evolução”, disse principal autor do artigo e professor de ciências da Terra da Universidade de Southampton, Tom Gernon.
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