Estudo do Fundecitrus e Fapesp revela estratégias para mitigar o HLB em pomares


Estudo realizado pelo Fundecitrus e cofinanciado pela Fapesp


Foto: Fundecitrus

Um estudo realizado pelo Fundecitrus e cofinanciado pela Fapesp, em parceria com a Embrapa, avaliou a relação entre a disposição e densidade do plantio de citros e a incidência do greening. Os resultados mostraram que o plantio de talhões paralelos à divisa da propriedade reduziu entre 12% e 23% a abundância de psilídeos, insetos transmissores da doença, em comparação com talhões plantados de forma perpendicular. Apesar dessa redução, não foi constatada diferença no gradiente da doença entre as direções avaliadas.

Outra conclusão importante está relacionada ao impacto da densidade de plantio nos talhões de borda. O pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi e da Embrapa Mandioca e Fruticultura Eduardo Girardi observaram que maior densidade de plantas resulta em menor incidência proporcional de HLB (percentual de plantas infectadas), mas o número absoluto de plantas doentes permaneceu semelhante entre as diferentes densidades. Isso sugere que o aumento da densidade pode ser uma estratégia interessante para reduzir as perdas na produção, já que mais plantas saudáveis permanecem disponíveis para compensar a perda de algumas infectadas.

Segundo Bassanezi, o estudo partiu de duas hipóteses principais. No caso da direção do plantio, foi investigado se a disposição paralela ou perpendicular à divisa do pomar influenciaria na barreira contra os psilídeos. “Nossa hipótese era que as plantas dispostas paralelamente fechariam mais rapidamente entre si, dificultando a penetração dos insetos. E realmente, após alguns anos, verificamos uma redução na incidência de plantas doentes nos talhões paralelos em comparação às perpendiculares”, afirma.

Já em relação à densidade do plantio, o objetivo foi testar se o adensamento influenciaria a entrada de psilídeos nos talhões. Bassanezi explica que talhões com maior densidade, apesar de terem a mesma quantidade de plantas infectadas em números absolutos, apresentam uma incidência proporcional menor. “Isso ocorre porque o número de plantas saudáveis dilui a porcentagem de infectadas, o que reduz o impacto econômico e produtivo da doença. Além disso, com maior densidade, a perda de produção por hectare é menor, já que há mais plantas para compensar aquelas que precisam ser eliminadas”.

Ainda assim, o pesquisador destaca que o controle do HLB exige múltiplas estratégias, incluindo manejo integrado e controle do vetor. “A maior densidade ou a direção de plantio são apenas ferramentas complementares. O sucesso no manejo do HLB depende de práticas bem coordenadas para evitar que a contaminação, vinda de fora do pomar, atinja níveis elevados.”



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