Também estavam entre alvos de monitoramento durante governo de Jair Bolsonaro o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e os ministros do STF Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux. Decisão que autoriza operação desta quinta-feira mostra citação a monitoramento de Arthur Lira no suposto esquema da Abin paralela
Reprodução
O suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão de Jair Bolsonaro (PL) atingiu o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um aliado do ex-presidente da República.
A lista de supostas vítimas da espionagem ilegal inclui, ainda, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um adversário ferrenho de Bolsonaro e de Lira, além de outros parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas.
Participe do canal do g1 no WhatsApp
Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal foi às ruas para cumprir cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em uma nova fase da operação Última Milha. Desde 2023, a operação investiga o possível uso ilegal de sistemas da Abin para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Jair Bolsonaro.
Nesta nova fase, a apuração está robustecida por dados encontrados nos aparelhos celulares de ex-integrantes do órgão, que falam, inclusive, em usar monitoramento ilegal para “explodir” adversários.
As investigações evidenciaram a ocorrência de inúmeras ações clandestinas no período entre 2019 até 2022 e indicaram que os recursos humanos e técnicos empregados pela estrutura paralela valiam-se de sistemas oficiais e clandestinos.
Os investigadores chegaram até o nome de Lira após conversas entre os investigados Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Bormevet. “O militar Giancarlo destaca ao superior Bormevet que a ação de estirpe delituosa já teria sido realizada em relação a ‘Lira’ e ao ‘pessoal do Renan'”, revela o documento da decisão.
Os diálogos não detalham, entretanto, em que período exato foi feito o monitoramento ilegal de Lira, nem as motivações.
Espionagem da Abin atingiu Arthur Lira e Renan Calheiros, diz PF
Rodrigo Maia monitorado
A PF confirmou, por exemplo, que o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teve sua movimentação monitorada pelos ex-integrantes da Abin. O monitoramento ilegal de Rodrigo Maia teria sido feito por ordem de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin na gestão Bolsonaro.
Ao blog, Maia disse que a espionagem foi um “ato totalitário e criminoso”.
Além dele, os diálogos revelam espionagem de escritórios de advocacia, deputados, senadores e adversários políticos de integrantes do governo que atuavam na Esplanada dos Ministérios. A lista de monitorados inclui deputados e senadores do PP, MDB e lulistas.
Ações ilegais contra membros do Judiciário
A investigação da PF ainda mostrou diálogos entre os investigados indicando possíveis ações clandestinas contra os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fuz, “com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”, diz a decisão que autorizou a operação desta quinta.
Os mandados de prisão estão sendo cumpridos em cinco estados e no Distrito Federal. Há também sete mandados de busca e apreensão.
Conforme as investigações da Polícia Federal, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas:
Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
Poder Legislativo: o atual presidente da Câmara, Arthur Lira, o deputado Kim Kataguiri e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, e Joice Hasselmann. E os senadores: Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que integravam a CPI da Covid no Senado.
Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo, e os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Rodrigo Maia sobre espionagem da Abin: ‘Típico das piores ditaduras’
Vista da entrada da sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em Brasília, nesta sexta-feira, 20.
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Fonte