Valdo Cruz: congelamento de R$ 15 bi no Orçamento é insuficiente
A equipe econômica — Fernando Haddad e Simone Tebet— ganhou a disputa interna e conseguiu convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a fazer uma contenção maior de gastos para conquistar a confiança do mercado.
Economistas avaliaram que o montante anunciado, de R$ 15 bilhões, poderia ter sido maior, na casa de R$ 20 bilhões pelo menos, mas foi na direção correta e deve ser complementado com novos cortes para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano.
Depois de reunião com o presidente Lula, a equipe econômica anunciou uma contenção de R$ 15 bilhões de gastos para cumprir o arcabouço fiscal. As equipes da Fazenda e do Planejamento chegaram a calcular um valor de R$ 21 bilhões, mas conseguiu reduzir o montante a pedido do presidente Lula.
Já a ala política não queria que o congelamento de gastos superasse os R$ 10 bilhões.
A antecipação do anúncio da medida, que será detalhada oficialmente na segunda-feira (22), teve o objetivo de evitar novas instabilidades no mercado. Nesta quinta (18), o mercado chegou a trabalhar com a informação de que a contenção ficaria em R$ 10 bilhões, o que fez o dólar subir quase 2% e fechar valendo R$ 5,58.
Dólar
Foto de Karolina Kaboompics
Cumprimento da meta
Haddad admitiu que o número divulgado nesta quinta aponta para o cumprimento da meta dentro da banda de tolerância, ou seja, segundo ele, perto do teto de déficit de 0,25% do PIB em vez do centro da meta, de zero.
Economistas avaliam que o número poderia ter sido maior, acabou sendo uma dose comedida, mas pelo menos está na direção certa.
A ala política não queria um valor acima de R$ 10 bilhões e trabalhava para reduzir ainda mais, para a casa de R$ 8 bilhões. Acabou aceitando um valor maior com a promessa de que, se as medidas para aumentar a receita e redução de despesas derem resultado, o contingenciamento pode ser revisto.
Já o bloqueio dificilmente será revisto. O governo teria de fazer com que as despesas ficassem com crescimento limitado a 2,5% em termos reais, e hoje esse crescimento está acima desse patamar.
O bloqueio será de R$ 11,2 bilhões por causa do crescimento das despesas acima do teto de 2,5% em termos reais. O contingenciamento será de R$ 3,8 bilhões porque as receitas não estão crescendo no ritmo esperado para bancar despesas programadas.
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