Entenda por que a ONU mudou regras de missões no Haiti após problemas da Minustah, que foi liderada pelo Brasil


Gangues controlam grande parte da cidade de Porto Príncipe. O líder da principal delas chegou a propor um armistício entre os criminosos para que eles derrubem o governo juntos. Haitianos carregam o corpo de um homem morto por gangues que atuam em Porto Príncipe, capital do Haiti
REUTERS
O Conselho de Segurança da ONU aprovou, nesta segunda-feira (2) o envio de uma missão de segurança ao Haiti. A ideia é ajudar o país a combater as gangues que tomaram o controle da capital, Porto Príncipe.
A ONU está mandando o Grupo de Apoio de Segurança Multinacional (MSS, na sigla em inglês), uma força internacional.
Diferentes países discutem o envio de policiais, entre os quais:
Quênia,
Bahamas,
Jamaica,
Antigua e Barbuda
A ONU pede contribuições de pessoal, equipamento e fundos.
O governo dos EUA não mandou tropas, mas afirmou que vai dar apoio com assistência logística, comunicações, operações aéreas e médicas. Os americanos estimam que vão gastar US$ 100 milhões com a operação.
Minustah: cólera e abusos sexuais
Os outros países foram cautelosos ao enviar apoio. O líder do Haiti é o primeiro-ministro Ariel Henry, que assumiu depois do assassinato do presidente Jovenel Moise, em 2021.
Para muitos haitianos, o governo de Henry é corrupto.
A última missão internacional de apoio ao Haiti, a Minustah, coordenada pelo Brasil, terminou com problemas graves.
Veja abaixo uma reportagem de 2016 sobre a cólera no Haiti.
“Muitas pessoas estão com suspeita de cólera”, diz enfermeira brasileira no Haiti
Não havia cólera no país, e soldados da Minustah introduziram a bactéria da doença no Haiti: 9 mil pessoas morreram.
Houve denúncias de abuso sexual.
Essa missão será a primeira desde a Minustah.
A resolução da ONU determinou que haverá investigações rápidas quando surgirem denúncias de má-conduta, especialmente de abuso sexual de meninas e mulheres.
Por que isso está acontecendo?
O governo do Haiti pediu ajuda de outros países para combater as gangues há um ano. Naquela ocasião, um grupo chamado G9 tomou o controle de um terminal inteiro com tanques de combustíveis.
Estima-se que mais de 200 mil pessoas tenham sido obrigadas a deixar suas casas por causa da violência.
Chefe de gangue pede uma coalizão de criminosos para derrubar o governo
O líder do G9, Jimmy Cherizier, um ex-policial, é o único haitiano que recebeu sanções da ONU.
No mês passado, ele conversou com outros líderes de gangues para acertar uma trégua entre elas para que, juntas, possam derrubar o governo do Haiti.
De acordo com grupos de ajuda humanitária, nas partes da cidade controladas por gangues a criminalidade é altíssima: há muitos sequestros, assassinatos e estupros.
A ONU estima que cerca de metade dos haitianos passa fome. Os grupos de ajuda comunitária têm tido dificuldade para trabalhar.
Países da região reforçaram o policiamento na fronteira –a República Dominicana, que tem fronteira por terra, impediu a passagem.
E agora?
O Parlamento do Quênia ainda vai votar se vai empregar as forças e coordenar a missão.
A autorização inicial é para que o grupo da ONU fique durante um ano. Deve haver uma análise do emprego das forças após 9 meses.

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