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A empresa ASR Locação de Veículos e Máquinas, uma das quatro ganhadoras do leilão do arroz do Governo Federal, foi a vencedora de um edital para a compra de 12,7 mil toneladas de milho feito em dezembro do ano passado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A empresa foi a única participante do edital e o contrato foi de R$ 19,8 milhões.
A empresa é representada pela Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso e pela corretora Focus, ambas pertencentes a Robson Luiz Almeida de França, ex-assessor do ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Neri Geller (PP).
A empresa, que está localizada em Brasília, não tem histórico de comércio de cerais. De acordo com a descrição do CNPJ, a ASR tem como atividade principal o aluguel de máquinas pesadas e de construção de edifícios como atividade secundária. Em perfil no Instagram, a empresa compartilhou um vídeo sobre a venda do milho e informou estar atuando também no ramo de cereais.
De acordo com informações levantadas pelo jornalista Cláudio Dantas, a ASR foi a única concorrente no edital que foi assinado pelo presidente da Conab, Edegar Pretto e seu diretor de Operações e Abastecimento, o teólogo Thiago José dos Santos, que também é ex-assessor de Neri Geller. Segundo o documento, a aquisição do milho foi feita a pedido da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional do Governo da Bahia.
Este é o segundo escândalo envolvendo pessoas ligadas a Ner Geller. O primeiro foi no início da semana, quando Edegar Pretto informou que o presidente da República Lula (PT) decidiu anular o leilão público responsável por comprar 263 mil toneladas de arroz. A decisão foi tomada após as empresas arrematadoras do leilão apresentarem “fragilidades” para realizar a importação do alimento. Entre as “fragilidades” está o fato da ASR ser a responsável por arrematar nove dos 15 lotes de arroz do leilão.
O episódio resultou na exoneração de Neri Geller, que foi oficializada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD). Ele estava no cargo desde dezembro do ano passado, mesmo mês em que a ASR venceu o edital do milho.
No entanto, Neri Geller alega que quando aconteceu o certema, ainda não estava no cargo.
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O ministro Fávaro afirmou que o próprio Neri Geller havia entregado o cargo e que a motivação seria a sociedade de Marcelo Geller com Robson na empresa que concorreu ao leilão. No entanto, a informação que foi contestada pelo demissionário que afirma não ter pedido para deixar a Secretaria de Política Agrícola do Mapa.
Conversas de bastidores afirmam que o pedido para que Fávaro exonerasse Neri Geller partiu diretamente do presidente da República Lula. O ultimato foi feito em reunião no Palácio do Planalto.