No dia em que começa a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta terça-feira (5) — quando o Banco Central (BC) deve subir os juros em 0,50 ponto percentual — o grupo de trabalho do “Conselhão” sobre spread bancário começa a funcionar (entenda mais abaixo).
Paralelamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na expectativa que, desta vez, governo e bancos encontrem uma fórmula para reduzir o custo do crédito no país.
Lula critica os juros altos do Banco Central, mas sua maior preocupação é com as elevadas taxas de juros para empresas e pessoas físicas.
Educação Financeira: entenda o spread bancário
A criação do grupo de trabalho pelo Ministério da Fazenda e pelo Conselhão sobre spread bancário foi acertada pelo presidente Lula durante reunião com presidentes dos maiores bancos comerciais do país.
Estudo do Banco Central mostra que, em agosto de 2024, as taxas de juros na concessão de novos empréstimos atingiram 27,7%.
Deste total, 9,2 pontos percentuais são de custo de captação dos recursos pelos bancos e 18,5 pontos percentuais de spread bancários (lucro dos bancos e custos de intermediação financeira). A taxa Selic hoje está em 10,75% ao ano.
Lula tem insistido com sua equipe econômica na adoção de medidas para reduzir o custo do crédito no país para garantir um crescimento sustentável da economia brasileira.
O grupo de trabalho do spread bancário será coordenado pelo secretário de reformas econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, e a secretaria-executiva ficará com Paulo Pereira, que ocupa o mesmo cargo no Conselhão.
Conselhão é o nome dado ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, recriado por Lula em março do ano passado. Uma das funções do colegiado é auxiliar o presidente na formulação de políticas públicas para o desenvolvimento econômico e social sustentável.
Presidente da Febraban durante entrevista à GloboNews.
Reprodução/TV Globo
O grupo de trabalho do Conselhão contará ainda com um representante da Federação Brasileiras de Bancos (Febraban), dois membros de bancos privados e um do Banco do Brasil, além de representantes de associações, centrais sindicais e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O presidente da Febraban, Isaac Sidney, tem dito que os bancos “nunca fizeram negacionismo sobre os juros altos”, mas que é preciso fazer “uma discussão séria e com racionalidade econômica”. Ele lembra que “a redução do spread não depende apenas de um ato voluntário dos bancos ou de intervenções na formação de preços, como tetos”.
“Por isso, propusemos e o governo prontamente aceitou a criação de um fórum para, num debate técnico, apresentarmos propostas para a redução estrutural dos custos que mais pesam na intermediação financeira, mas não é uma discussão sobre a Selic, pois isso cabe ao BC, e sim sobre as causas dos spreads caros no Brasil”, acrescentou Isaac Sidney.
A primeira reunião do GT sobre spread bancário será nesta terça, às 15h, na sede da Febraban. O prazo para conclusão dos trabalhos e apresentação de soluções é dia 10 de março do ano que vem.
Lula aposta neste grupo para, enfim, reduzir o elevado spread bancário no Brasil, principal motivo para o custo alto na concessão de crédito para empresas e pessoas físicas.
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