O empresário e dono do bar Dallas, Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como “Willian Gordão”, é apontado pela Polícia Federal como um “testa de ferro” do Comando Vermelho. Ele foi um dos alvos de prisão preventiva durante a Operação Ragnatela, deflagrada na manhã desta quarta-feira (5) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (Ficco).
Conforme a Polícia Federal, Joadir Alves Gonçalves, vulgo “Jogador”, que é apontado como um dos principais membros do Comando Vermelho em Mato Grosso, comprou o bar Dallas pelo valor de R$ 800 mil em espécie. O valor foi pago em duas parcelas, sendo uma de R$ 200 mil e outra de R$ 600 mil. A casa de festas, então, foi colocada em nome de Willian Gordão.
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Segundo o delegado Antônio Rocha Freire, da PF, Willian não era considerado um laranja, pois saberia de todo o esquema criminoso e daria aval para que o crime continuasse a ser praticado.
“Comprovou-se, durante as investigações, que Willian Gordão é um ‘testa de ferro’ de Joadir Alves, tendo em visto que figura como a principal peça de envio e recebimento de valores investidos pelo Jogador na realização dos shows, além de ser o responsável pelo pagamento de despesas relacionadas ao Jogador”, diz trecho do Inquérito Policial ao qual o teve acesso.
Para as transações financeiras do Jogador e pagamento de suas despesas, Willian se utilizava da pessoa jurídica WA da Costa Pereira (Expresso Lava Car).
“omprovou-se, durante as investigações, que Willian Gordão é um ‘testa de ferro’ de Joadir Alves, tendo em visto que figura como a principal peça de envio e recebimento de valores investidos pelo Jogador na realização dos shows, além de ser o responsável pelo pagamento de despesas relacionadas ao Jogador”
Trecho do inquérito policial
Também foi identificado nas investigações que os promotores eram proibidos de trazer artistas de São Paulo, já que o estado é comandado por uma facção rival do Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Por conta disso, o MC Daniel foi hostilizado e teve que sair escoltado de uma casa de festas de Cuiabá, durante show ocorrido em dezembro de 2023.
O integrante da facção que promoveu o evento foi punido pelo grupo com a pena de ficar sem realizar shows e frequentar casas noturnas em Cuiabá pelo período de dois anos.
Vereador é alvo
O vereador por Cuiabá, Paulo Henrique (PV), também foi um dos alvos da operação. Ele é suspeito de fazer parte do esquema, fazendo a interlocução com os agentes públicos que facilitariam esquema – dois foram afastados, sendo um deles fiscal da prefeitura e o outro, servidor do Estado. O parlamentar foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Em nota, Prefeitura de Cuiabá disse que abrirá procedimento interno para apuração da conduta do agente de fiscalização e que colabora com as investigações.
O delegado pondera que é apurado neste momento o nível de participação do vereador e que o que está provado nos autos é que “ele tem sim uma vinculação, identificamos que tinha uma participação dentro de uma secretaria municipal (Sorp) em que ele tinha pessoas ligadas a ele e essa secretaria municipal é responsável pela fiscalização dessas casas noturnas e concessão para autorização para realização dos shows”.
O presidente da Câmara de Cuiabá Chico 2000 (PL) disse à reportagem que está se interando sobre a operação e que o Legislativo deve se posicionar sobre o caso nas próximas horas.
A Operação Ragnatela contou com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas de Segurança Pública (Ciopaer) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, força-tarefa permanente constituída pelo Ministério Público Estadual, Ppolícia Civil, PM, Polícia Penal e Sistema Socioeducativo.