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Wendell é da equipe da Associação dos Corredores de Rua (ACORR), de Lucas do Rio Verde e foi o melhor brasileiro colocado pela segunda vez consecutiva na Corrida de Reis 2022, quando fez o trajeto de 10km em 30 minutos e 04 segundos – apenas 1 minuto e 10 segundos a mais que o campeão Maxwell Kortek Rotich, de Uganda.
Em 2023, Wendell Jeronimo foi campeão nas provas do Mato-grossense de Atletismo, em maio, e vice-campeão do Troféu Brasil de Atletismo, em julho, realizado em Cuiabá – ambos nas provas de 5km e 10km. Ele também ficou com o sétimo lugar nos 5km do Sul-Americano de Atletismo, disputado em São Paulo. Em 2024, o atleta ficou de fora da Corrida de Reis para buscar índice nas Olimpíadas de Paris.
Em entrevista especial ao , o mato-grossense relembrou o início da carreira, citou dificuldades, destacou conquistas importantes e projetou o futuro nas pistas. Na ocasião, Wendell agradeceu o apoio eficaz do Governo do Estado e revelou o desejo de disputar uma Olímpiadas.
Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista
Você ama o esporte que prática ou encara ele como um trabalho, ou os dois ?
Para mim foi fantástico conhecer o atletismo. É um talento fora do normal, que eu acabei gostando muito. Nesse período conheci diferentes lugares, vários atletas, aprendi amar o esporte e também encarar as competições como busca de resultados e recursos próprios. Quem não quer ficar no pódio de uma Corrida de Reis para ganhar um carro ou ou uma outra premiação por exemplo? É muito bom subir na vida.
Como você se preparou para chegar nesse nível profissional, esperava todo esses sucesso?
“Eu tive dificuldades para chegar a esse nível profissional, lidava com estudos, trabalho e com os treinos”
Wendell Jeronimo
O processo foi de muito trabalho e dedicação. Não foi só acertando, pois também errei para aprender muitas coisas. Por exemplo, foi com muita batalha que cheguei na Seleção Brasileira, dois anos para cá que ganhei esse destaque. Graças a Deus consegui fazer essa transferência de adaptação, que vem dando certo até hoje. No início foi muito difícil, ficar longe da família, lidar com outros costumes.
Eu tive dificuldades para chegar a esse nível profissional, lidava com estudos, trabalho e com os treinos, então não era fácil. Teve uma época que eu chegava em casa quase oito horas da noite e ainda me dedicava aos treinos sozinho, só eu e Deus no quarto.
Annie Souza/Rdnews
Todo atleta sofre um certo grau de pressão quando está competindo. Como está a sua saúde mental?
Sim, isso faz parte do esporte mais eu tento superar cada dia buscando nova evolução para superar a pressão. Quando você não ganha uma prova, é muito difícil. As pessoas te maltratam e bombardeiam nas redes sociais. No Ibero-Americano, por exempli, fiquei muito ruim, inclusive não consegui ter boa atuação na prova dos 10 km. As vezes a gente não espera essas críticas, é muito complicado, mas tento revelar e ficar neutro quanto essa pressão.
Como são os seus treinos para as corridas? Quais fatores importantes para uma boa preparação?
Meus treinos são prioridade e levo como trabalho. Procuro não faltar nos treinos, que são realizados de segunda a sábado em dois períodos. Procuro ficar tranquilo durante o processo de preparação para a competição. Quanto aos cuidados, mantenho o equilíbrio mentalmente e preservo o cuidado com alimentação hidratação. Temos uma preparação de três meses para as provas de longa distância, as vezes ficamos de fora de competições para dedicar mais aos treinos. Às vésperas das provas tentamos baixar o volume dos treinamentos para ficar mais solto e tranquilo, para quando chegar na competição não sentir o corpo cansado.
Como é a alimentação de um atleta de atletismo? Existem restrições alimentar?
Minha alimentação e balanceamento conforme a competição que estou me preparando e a hidratação constante no nível que não compromete na minha performance.
Como foi ganhar o bronze no Ibero Americano? Qual avaliação do seu desempenho na competição?
Consegui um resultado legal, fiz uma estratégia de sair antes para fazer uma quebra, por conta do calor, mas senti muito desgaste, até porque o horário da prova não foi adequado para os atletas. Mas fiquei feliz por conseguir estar no pódio. Agradeço à secretaria do estado, o governador Mauro Mendes, a imprensa que ajudou na divulgação do nosso trabalho, entre outras pessoas envolvidas na realização desse evento.
Atualmente voçe está treinando para qual competição? Tem chances de Olimpíadas?
Todo atleta precisa manter os treinos para estar em dias físicamente. Quanto a Olímpiadas, minhas chances são poucas. Encurtou muito o prazo para conseguir o índice necessário, ainda tem algumas provas pela frente, vou tentar o meu melhor, quem sabe pinta uma vaga. Mas acredito que esse ano está difícil por causa do tempo.
“Eu fiz algumas escolhas no passado que acabaram prejudicando a minha carreira”
Wendell Jeronimo
Você se arrepende de alguma coisa que fez para atingir o sucesso na sua carreira, se pudesse voltar no tempo mudaria alguma coisa?
Eu fiz algumas escolhas no passado que acabaram prejudicando a minha carreira. Se pudesse voltar no tempo, eu faria escolhas diferentes. Desde de 2016 eu venho buscando o índice olímpico, mas alguns detalhes acabaram me atrapalhando muito. Acredito que todo mundo tem essas fases, mas isso também me ajudou a ter maturidade, criei uma expectativa que não era aquilo.
O que você diria para os jovens que sonham em ser como você?
Eu aconselho para os jovens que buscam no esporte uma modalidade que goste e aposte todas as suas energias. Procure foco e convicção naquilo que gostem, vão atrás de conquistas e busquem mais conhecimento técnico do qual vivemos hoje, novas ciências e metodologia de treinamento. Hoje existem diversas oportunidades para quem quer iniciar no atletismo, como por exemplo o Instituto Lenílson, que é referência em nosso estado.
A importância do apoio do poder público
É uma coisa muito surreal e impactante essa questão do Projeto Olympus, que é promovido pelo Governador Mauro Mendes. , através da Secel-MT. Juntos eles têm impulsionado no desenvolvimento do atletismo mato-grossense. Promoveram o Troféu Brasil no ano passada e agora trouxeram o Ibero-Americano. Tudo isso estimula, não só eu, mas como todos os atletas que estão buscando índices olímpicos. O nosso governo tem uma visão ampla, que é levar o esporte em si na vida das pessoas, e não estou falando só do atletismo, mas também a natação, futebol e todas as outras modalidades.