Durante nossa visita recente ao centro de desenvolvimento e testes da Ford na cidade de Tatuí, em SP, tivemos a chance imperdível de levar duas feras da gama atual da marca para a pista de testes: o novo Mustang GT e o inédito Mustang Mach-E.
A ideia inicial, obviamente, era testar a performance dos modelos em um ambiente sem as amarras das ruas, afinal, trata-se de um circuito fechado e monitorado, o que possibilita que o potencial máximo do veículo seja explorado. Além disso, foi a chance de experimentar algumas das soluções tecnológicas disponíveis para ambos.
Para começar, nada melhor do que o icônico V8.Fonte: Yuri Ravitz
O primeiro teste foi com o novo Mustang, lançado no Brasil em março desse ano. Disponível unicamente na versão GT Performance, traz motor 5.0 V8 aspirado de até 488cv e 58kgfm, números suficientes para levá-lo de 0 a 100km/h em 4,3 segundos. A tração é unicamente traseira e o esportivo vem com câmbio automático de dez velocidades.
O mais interessante é que, embora seja um carro moderno, o Mustang mantém a alma e a diversão dos clássicos. O V8 borbulhando em marcha lenta pode ficar mais calmo ou (bem) mais agressivo através do seletor de modos de condução; na ocasião, deixamos no modo Pista que é onde o carro fica mais agressivo e o ronco, por consequência, mais encorpado.
Cockpit do esportivo adotou design mais conservador e tecnológico.Fonte: Yuri Ravitz
Alinhamos o esportivo na reta para ver o cronômetro embutido no Track Apps, visando obter o menor tempo no 0 a 100km/h calculado no painel de instrumentos. Foram duas passadas de arrancada e conseguimos 4,5 segundos em nosso melhor tempo sem usar o controle de largada ou o modo manual da transmissão; nada mau para uma arrancada mais “pura”.
O que também agrada no muscle car é que ele não passa insegurança ou desconforto mesmo quando mais exigido; mesmo prestes a passar dos 170km/h antes do ponto de desaceleração, o Mustang parece estar mais lento e mostra “sobrar carro” para ir muito além. Como foi um teste curto, não deu para ver todo seu potencial, mas o gostinho foi muito interessante.
Mustang Mach-E traz o DNA visual do coupé em uma embalagem de SUV.Fonte: Yuri Ravitz
Após nos divertirmos ao volante do V8, foi a vez de ter nosso primeiro contato com o polêmico Mach-E de motorização 100% elétrica. Lançado em outubro do ano passado, também é vendido somente na variante GT Performance, equipada com dois motores elétricos (um por eixo) que totalizam até 487cv e 87,7kgfm; seu 0 a 100km/h é de 3,7 segundos.
Com o SUV elétrico, o objetivo era ver o funcionamento prático do assistente de frenagem autônoma de emergência, mas seria um crime desperdiçar a chance de acelerar a fundo um carro que despeja quase 90 quilogramas-força-metro de torque nas quatro rodas de forma instantânea; sendo assim, primeiro a obrigação e depois a diversão.
Cabine do Mach-E é totalmente diferente do interior do Mustang tradicional.Fonte: Yuri Ravitz
O teste de frenagem foi feito com o simulacro de um automóvel. Alinhamos o Mach-E com ele e deixamos o sistema atuar, o que é essencial para seu sucesso; se o motorista intervir na frenagem, o recurso será desativado. Você deve deixá-lo frear sozinho para obter sucesso, afinal, sua missão é parar o carro quando o motorista não o fizer por algum descuido.
Feito o teste com sucesso, conseguimos permissão para acelerar e sentir a “patada” do elétrico. A palavra que melhor define é: brutal. O termo patada se encaixa com perfeição, pois o Mach-E faz o V8 parecer lento, tamanha a violência com a qual avança e empurra os ocupantes contra os bancos. Não faz barulho, mas é quase tão legal quanto o irmão.
No final das contas, agora que a Dodge está acabando com seus V8 e o futuro do Camaro é incerto, a Ford é a única com o icônico oito-cilindros no Mustang tradicional graças ao apoio do elétrico Mach-E que reduz a média de emissões do portfólio da marca e, ainda por cima, é divertido. É a modernidade ajudando a manter o legado e a tradição vivos.
*TecMundo viajou a convite da marca