O ex-adjunto da Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá (SORP), Benedito Alfredo (já falecido), teria recebido pagamento de itens para festas de santo como propina para facilitar a concessão de alvarás e licenças de casas noturnas do Comando Vermelho em Cuiabá. Comprovantes de compras e conversas que denunciam o esquema estão presentes no relatório de investigação da Operação Ragnatela, que desarticulou a organização criminosa.
Empresários, influenciador digital, ex-jogador de futebol, servidores e o vereador por Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), então entre os alvos da operação deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT).
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De acordo com o documento que guiou as investigações, Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Willian Gordão” (dono do Dallas Bar), Elzyo Jardel Xavier Pires (promoter) e o ex-servidor da Câmara Municipal de Cuiabá, Rodrigo Leal, contavam com um grupo de fiscais da SORP que facilitaria a concessão de alvarás e licenças para eventos na Capital, usados para camuflar a lavagem de dinheiro feita para a facção criminosa.
Ainda conforme o documento, no dia 25 de junho de 2022, Rodrigo e Jardel conversaram sobre uma quantia para custear as despesas da “Festa de Santo”, que serviria como pagamento para Benedito. “Ele falou que ia dar toda a força possível, que era só pra pagar as coisas da festa de santo dele lá”, teria dito Rodrigo sobre o ex-secretário, em um grupo da organização.
Também consta no relatório que Rodrigo recebeu um orçamento de utensílios de festa no valor de R$ 2.291 em nome de Benedito. Pouco tempo depois, foi realizado um pagamento na quantia de 2.190 para uma loja de festas da conta da também investigada Kamila Beretta Bertoni.
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Fiscais comprometidos com o esquema
Como já noticiado pelo , uma das linhas de investigações indicam que o ex-secretário Benedito integraria o esquema de facilitação de concessão de licenças e alvarás. Durante a realização dos shows, os suspeitos se certificariam que os fiscais pré selecionada pelo ex-secretário, supostos comparsas, integrariam a equipe de fiscalização.
Operação Ragnatela
Aproximadamente 400 policiais cumpriram oito mandados de prisão preventiva e 36 de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso e Rio de Janeiro, além do sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.