Emilly Cassim/Rdtv
Delegada Liiane Murata, titular da Dema, defende que se faça trabalho de conscientização junto à população para reduzir casos de maus-tratos a animais
A delegada Liliane Murata, titular da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) de Cuiabá, opina que conscientizar a sociedade contra maus-tratos a animais é mais efetivo do que só aumentar as penas por esse crime. Atualmente, a pena é de reclusão de 2 a 5 anos.
“Eu acredito que tem que ter um trabalho de conscientização, mesmo que aumente a pena. Pode tomar por base o homicídio. Diminui o número de homicídios? Esse crime tem pena alta e, ainda sim, nós temos registros. Eu acho que a nossa sociedade está em uma situação de abandono, de falta de valores e conscientização e outra atitudes desde a base”, dispara.
A fala acontece após a população de chocar com imagens do professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Elias Alves de Andrade, matando a gata Sofia, com um machado, em uma das ruas do bairro Jardim Califórnia, em Cuiabá. O caso aconteceu no dia 15 de julho e, na semana passada, ele foi denunciado por maus-tratos e morte de uma gata com o uso de um machado. Além da condenação do denunciado pela prática do crime, o MP requereu a reparação cível dos danos ambientais causados à coletividade, bem como dano moral ambiental coletivo no valor R$ 300 mil.
“A investigação desse caso foi o procedimento mais rápido que já foi feito na delegacia. Não foi feito de qualquer jeito, muito pelo contrário”, salienta a delegada, que conduziu o caso. “As partes foram ouvidas, foi feita a perícia no local, foram analisadas as lesões na gata para que sejam compatíveis com o instrumento utilizado. Ele não vai achar brechas. Tem vídeo, foi anexado o vídeo. Foi indiciado pelo crime de maus tratos acrescido do resultado morte”, explica Liliane, sobre a fase que antecedeu a denúncia.
No entanto, a delegada acredita que mesmo que o professor pegue a pena de 5 anos, ele dificilmente vai preso. “Mesmo se ele for condenado, pode acontecer de ele responder em liberdade. Talvez o juiz possa converter a pena em reparação para a tutora do animal, ou para ajudar alguma ONG de animais, nesse sentido”, diz.
“Pode ser uma sensação de impunidade, mas a nossa lei foi posta dessa forma”, completa.
Emilly Cassim/Rdtv
Professor se diz arrependido
Em nota, o professor Elias Alves de Andrade afirmou estar “profundamente arrependido” de ter tirado a vida da gata Sofia.
No documento, o professor aponta que o ato praticado por ele foi “cruel, covarde, nefasto, inadmissível e desumano”. “Por mais que tenha sido movido pela emoção e descontrole, nada justifica o que fiz”, diz.
“Estou profundamente arrependido por ter me portado de modo desumano contra um ser que só sabe nos dar amor e carinho em troca de nada, apenas de nossa atenção e cuidado. Rogo o perdão à família da tutora, minha vizinha, e a sua família e amigos, à minha família, que está sofrendo comigo, à sociedade, a todas as organizações sociais que vêm brava e legitimamente lutando para que fatos como o que pratiquei não mais se repitam e, por fim, a Deus, que sempre abençoou a mim a minha família”, declara.
Reprodução de vídeo
Outros casos
O caso da gata Sofia não foi o único de maus-tratos registrado em Cuiabá neste ano. Recentemente, a Dema deflagrou a 7ª fase da Operação Sansão, para cumprimento de 30 ordens de serviço para averiguações de denúncias de maus-tratos a animais na Capital e em Várzea Grande.
Além disso, vários animais também foram resgatados ao longo dos oito meses deste ano. Entre eles, está o caso de um cachorro que estava sendo mantido amarrado e estava em situação de abandono em uma residência de Várzea Grande.
O cachorro, de médio porte, sem raça definida, foi encaminhado para o Centro de Zoonoses de Várzea Grande. O morador, tutor do animal, estava em situação de vulnerabilidade e foi encaminhado para assistência social do município.
Outro caso foi de uma mulher presa em flagrante por maltratar quatro cachorros, sendo três buldogues franceses e um da raça lhasa apso, em sua residência, no bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá.
Os policiais da Dema constataram que os animais estavam em situação de maus-tratos, sendo que um dos cachorros havia morrido no dia anterior.