Jon Ferry, de 24 anos compra e vende ossos antigos usados no ensino da medicina. ‘Colecionador de ossos’ de Nova York viraliza mostrando peças humanas do seu acervo
Jon Pichaya Ferry, de 24 anos, está viralizando ao vender produtos um tanto inusitados: ossos humanos. Sim, você leu certo. O perfil do jovem no TikTok já conta com meio milhão de seguidores e mais de um milhão de curtidas.
Na página, ele explica que a sua empresa, a JonsBones, tem o objetivo de desestigmatizar essa “indústria”, que pode ser um pouco assustadora. Jon diz ainda que essa é uma forma de dar às peças uma segunda vida de maneira única.
Crânios, espinhas e esqueletos completos
Jon Ferry
Hugo Yu
De acordo com a rede BBC, a coleção de ossos de Jon é avaliada em mais de US$ 600 mil, o equivalente a quase R$ 3 milhões. Começando como colecionador particular, ele é hoje um dos maiores distribuidores de ossos dos Estados Unidos. Seu armazém, que se tornou um museu, fica no bairro do Brooklyn, em Nova York.
Como tudo começou
Jon se apaixonou por ossos ainda criança, quando seu pai lhe mostrou um esqueleto articulado de rato que havia montado. Isso despertou nele uma grande curiosidade no estudo de osteologia. A partir disso, ele criou seu próprio nicho na indústria.
Jon Ferry, seu pai e o esqueleto de rato
Reprodução / JonsBones
De onde vêm os ossos?
Jon adquire peças que eram voltadas ao comércio de ossos para médicos estudantes. São pedaços de indivíduos que doaram seus corpos para a ciência e não estão mais em uso. Muitas vezes, os donos ou familiares que possuem os ossos, não sabem o que fazer com eles.
O site da JonsBones diz que vende apenas osteologia médica ou ossos preparados especificamente para treinar estudantes de medicina. É possível também vender ossos através da página. Ele não trabalha com nada vindo de sepulturas, ossuários ou de povos originários.
Todas as peças, que vão desde colunas espinhais até esqueletos completos, vão para o Museu do Osso. O local oferece uma viagem pela história da osteologia médica e uma experiência educacional bem de perto.
Museu dos Osso também faz vendas online
Reprodução
“Meu objetivo desde que comecei a JonsBones tem sido preservar a prática e ao mesmo tempo aumentar o acesso educacional à anatomia humana. Este espaço não só permitirá mais visitantes, mas também nos permitirá mostrar todo o nosso catálogo de ossos”, diz Jon no site oficial do museu.
Esse tipo de venda é permitida? É legal ou é crime?
Nos EUA, a venda de ossos humanos é legal, exceto na Louisiana, na Georgia e no Tennessee. No Brasil, a Lei dos Transplantes, de 1997, é quem regula essa matéria. Antonio Tovo, doutor em Direito penal pela USP, explica:
“Qual é a regra: só pode haver disposição de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano ou para transplantes ou para fins acadêmicos, de pesquisa , fins de cura. Fora isso, não há nenhum tipo de possibilidade de comercialização.”
Inclusive, há uma criminalização expressa. O artigo 14 diz que remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, tem uma pena de reclusão de dois a seis anos. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe, a pena é de reclusão de três a oito anos.
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