Cartilha chavista se repete, e Venezuela mergulha no caos, com dois presidentes se declarando vitoriosos


Roteiro chavista de fraude se repete, após divulgação de resultado sem transparência pelo regime de Maduro, contestado por González e María Corina. Os candidatos Nicolás Maduro e Edmundo González votam em Caracas durante a eleição presidencial da Venezuela.
JUAN BARRETO/RAUL ARBOLEDA/AFP
Aconteceu o que estava ditado pela cartilha chavista: com aval do Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo governo, Nicolás Maduro foi declarado vencedor, com sete pontos de vantagem sobre Edmundo González Urrutia, numa apuração considerada sem transparência e sem legitimidade.
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O resultado põe a Venezuela mais uma vez num terreno conhecido — de impasse, paralisação política e descrédito — já que foi contestado com veemência pela oposição e questionado pelos governos do Chile, Colômbia, da Argentina e do Peru. Ator essencial no processo, o Brasil até agora não se manifestou.
Pode-se afirmar que este cenário era previsto pelas denúncias de irregularidades que foram apontadas durante a apuração e não fugiam do roteiro de fraude de outras eleições na Venezuela. Ao contrário, ele se sofisticou ao longo de 25 anos de chavismo no poder. Ao meio-dia, meio da jornada eleitoral, pesquisas de boca-de-urna divulgadas ilegalmente pelo chavismo antecipavam a vitória de Maduro.
Nas seis horas entre o encerramento das urnas e o comunicado do presidente do CNE, os opositores do ditador relataram dificuldades para acessar as atas de votação e ameaças de paramilitares, que rondavam as seções eleitorais e intimidavam os credenciados pela oposição. O regime interrompeu a transmissão de dados para impedir o acesso da Plataforma Unitária Democrática, o bloco de dez partidos que desafiou Maduro, ao sistema de dados do CNE.
Elvis Amoroso declarou o resultado como irreversível e atribuiu a demora do resultado aos ataques de terroristas ao sistema. Pouco depois, Maduro apareceu diante do Palácio Miraflores para corroborar, sem dar evidências, que o sistema fora hackeado.
“Posso dizer perante o mundo que sou o presidente reeleito da Venezuela”, assegurou.
As atas não foram apresentadas pelo regime, que apenas forneceu as porcentagens de 51,2% para Maduro e 44,2% para González, com 80% das urnas apuradas. Estes dados, divulgados de forma primária, carecem de auditoria e tornaram o resultado inverossímil aos olhos de seus opositores.
González e María Corina Machado ignoraram o veredicto do regime e disseram ter tido acesso a 40% das atas. “Queremos dizer a todos os venezuelanos e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia”, afirmou a líder da oposição, dando conta de que quatro contagens rápidas deram ao diplomata aposentado com cerca de 70% dos votos contra 30% de Maduro. “É a eleição presidencial com a maior diferença da história”, disse.
Mais uma vez, a Venezuela mergulha no caos, com dois presidentes autodeclarados.

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