Rodinei Crescêncio/Rdnews
Todo ano, à medida que o Carnaval se aproxima, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia lança a campanha “Carnaval sem traumas” para alertar a população sobre os riscos de lesões musculoesqueléticas durante esse feriado festivo. Enquanto celebramos a alegria, é crucial também considerar a segurança, especialmente diante do aumento de acidentes registrados nesse período.
Prevenção de acidentes e lesões ortopédicas: Uma celebração segura
“Que o Carnaval seja, acima de tudo, um período de celebração consciente e alegria responsável, garantindo que todos possam aproveitar a festa sem traumas”
Fellipe Valle
Durante o Carnaval, os prontos-socorros frequentemente testemunham um aumento nos casos de lesões musculoesqueléticas, com os acidentes automobilísticos sendo os principais responsáveis. A combinação perigosa de álcool e direção contribui significativamente para as colisões, aumentando os índices em até 65%, enquanto o uso de celular eleva esse número para até 92%. Essa conjunção de fatores é agravada pelo expressivo aumento das viagens rodoviárias, especialmente durante a noite e no final da madrugada, quando os acidentes fatais são mais comuns.
Entre os motociclistas, a estatística revela que 91% dos óbitos ocorrem em homens, com destaque para motofretistas, que representam 50 casos. Essa ocupação específica registrou um aumento alarmante de 28 para 50 óbitos entre 2017 e o ano passado. Além disso, os motofretistas constituem cerca de 14% dos motociclistas mortos e aproximadamente 6% de todas as vítimas fatais nas estradas.
Dicas de segurança nas ruas e avenidas do Carnaval:
Além dos cuidados com o trânsito, os foliões que optam por curtir o Carnaval nas ruas devem estar atentos a potenciais armadilhas que podem levar a lesões. Bueiros destampados, meios-fios rachados e buracos são ameaças que podem resultar em quedas, fraturas e luxações. Os cortes provocados por garrafas de vidro quebradas também são acidentes frequentes que merecem atenção.
Para aqueles que escolhem passar o Carnaval em locais próximos a rios, cachoeiras e piscinas, é vital considerar o risco de acidentes por mergulho ou quedas, que podem resultar em traumas, especialmente na coluna cervical. A faixa etária mais suscetível a esses incidentes varia de 10 a 30 anos, com as lesões concentrando-se principalmente no pescoço. As consequências podem variar desde traumas musculares até lesões e fraturas que envolvem deslocamentos das vértebras, podendo levar a alterações neurológicas sérias.
Recreação aquática: prevenindo afogamentos:
Além dos riscos relacionados às quedas e mergulhos, o afogamento é outra preocupação durante atividades aquáticas. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas nesta época intensifica os riscos, aumentando a possibilidade de desfechos fatais. Portanto, é crucial manter a moderação no consumo de álcool, especialmente ao participar de atividades aquáticas durante o Carnaval.
Conclusão: A celebração responsável é a melhor celebração
Em resumo, celebrar o Carnaval com segurança é uma responsabilidade de todos. Ao adotar medidas preventivas, como escolher calçados adequados, evitar o consumo excessivo de álcool, prestar atenção ao entorno e praticar cuidados específicos durante atividades aquáticas, é possível desfrutar dessa festividade de maneira saudável e memorável. Que o Carnaval seja, acima de tudo, um período de celebração consciente e alegria responsável, garantindo que todos possam aproveitar a festa sem traumas.
Fellipe Valle é médico ortopedista e traumatologista, com especialização em cirurgia de ombro e cotovelo, cirurgia do joelho, especializando em medicina da dor e ortopedia regenerativa, além de idealizador do programa Descomplicando a Ortopedia. Ele é membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – MT, da American Academy of Orthopaedic Surgeons e da AO Trauma Latin America. É sócio fundador da associação brasileira de ultrassonografia músculo esquelética, professor de medicina na Univag e da residência de ortopedia Unic-Hgu. Escreve com exclusividade para esta coluna às terças. E-mail: fellipevalle@hotmail.com. Instagram: @dr.fellipe.