Rodinei Crescêncio/Rdnews
Na sala do setor comercial:
— Você vai à festa? — pergunta Dante à sua colega de trabalho Débora, que responde:
— Vou sim!
— Ah, que bom! Estamos organizando tudo há um ano, muita economia para celebrar este dia, depois do susto que passamos com o acidente com o Gabrielzinho, no ano passado. Esse aniversário é para celebrar a vida!
— Imagino, Dante! Todos sabemos disso, e estaremos lá para celebrarmos juntos essa vitória.
No dia da festa:
“Vejo histórias parecidas com a de Prada: pessoas que fizeram tudo para chegar ao tão sonhado “topo” e dali construíram sua identidade, sendo dominadas pelo crachá do cargo que ocupam”
— Parabéns, Dante e Juliana (esposa de Dante)! Que festa linda! Cadê o Gabriel? Ah, está brincando, já vi ele ali no pula- pula! — comenta Débora, que acaba de chegar à festa.
— Seja bem-vinda, Débora! Estamos muito felizes por você estar aqui conosco, nesse dia de celebrar o renascer do nosso menino! — recepciona Juliana.
Logo mais chega Ernesto Prada, diretor executivo da empresa onde Dante trabalha.
— Olá, Prada! Quanta honra! Que bom que você veio! Seja bem-vindo! — recepcionou Dante ao lado da esposa e da colega de trabalho Débora.
— Ah, que bom encontrá-los aqui! Os dois juntos, pois já aproveito e dou o recado! Fechamos a venda dos imóveis com aquele investidor! Deu certo! Agora lembrem-se de priorizar os contratos que faltam para fechar a venda na segunda-feira! Precisamos dar foco nisso, por favor!
— Ah, tá bom, chefe! Pode deixar! — responde Dante, e continua: — Esta é minha esposa, Juliana.
— Ah, sim, prazer, Juliana! Esta é minha esposa, Marizete — responde o Sr. Prada. E em seguida, apresenta a esposa aos seus funcionários.
— Marizete, esses são meus funcionários, Dante e Débora.
Alguns líderes, em alguns momentos, precisam desse tipo de afirmação em público para se sentirem seguros, garantindo que se lembrem do “tamanho” do seu cargo.
— Muito prazer! Linda festa! — diz a Sra. Prada.
— Obrigada! Vamos entrar… vou acompanhar vocês! — responde Juliana, que segue em busca de uma mesa para o chefe do seu marido, que trouxe o ego, a empresa, as metas e as cobranças para a festa de “celebrar a vida” do filho de Dante, ali também o funcionário de Ernesto Prada.
O que aconteceu com Prada? O que fez com que ele se desconectasse das pessoas e se tornasse mais um CHEFE, conectado somente aos “cumpridores de tarefa”, como se fossem seus fantoches?
Vejo histórias parecidas com a de Prada: pessoas que fizeram tudo para chegar ao tão sonhado “topo” e dali construíram sua identidade, sendo dominadas pelo crachá do cargo que ocupam. Elas deixam de enxergar pessoas, vendo apenas metas, tarefas e resultados, com um tom de superioridade arrogante, ignorando completamente que essas metas só serão atingidas com maestria por pessoas motivadas por sonhos, conquistas e superações, que infelizmente só são vistas como simples controles remotos de seus chefes.
Cynthia Lemos é psicóloga e empreendedora; fundadora da Grandy Psicologia Empresarial e escreve neste espaço quinzenalmente às quintas-feiras