A defesa do ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, negou que ele tenha envolvimento com negociações de transferências de pelo menos cinco membros do Comando Vermelho da Penitenciária Central do Estado para o antigo Centro de Ressocialização de Cuiabá, em junho de 2020. Em nota de esclarecimento, afirmam que a transferência de presos no Estado de Mato Grosso segue um protocolo rigoroso que não perpassa pelo secretário de Segurança.
O posicionamento vem à público após o relatório feito pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso (Ficco-MT), com base em interceptações realizadas no celular de Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como “Willian Gordão”, revelar um suposto esquema para a transferência dos faccionados entre penitenciárias do estado.
Deizy Fátima
Segundo o relatório, o esquema beneficiaria Paulo Witer Farias Paello, conhecido como W.T., apontado como tesoureiro do Comando Vermelho; Jonas Gonçalves Junior, conhecido como Batman; Fábio Aparecido Marques do Nascimento, conhecido como Lacoste; Aurélino Gomes da Silva Bisneto, conhecido como Lerino; e Luenio Cesar Rondon Rocha, conhecido como Bicudo.
A nota encaminhada pela defesa do ex-secretário frisa que, durante seu período na Secretaria de Segurança, Bustamante não teve qualquer contato com os envolvidos nas supostas irregularidades e, no período, acredita que estas transferências não ocorreram.
“Temos a convicção que houve um equívoco na análise das informações ou que seu nome foi envolvido de forma errônea ou maliciosa pelos responsáveis e os envolvidos na investigação. Causa surpresa que os documentos, que se tornaram públicos, que mencionam a transferência de presos, não tenham sido verificados antes da operação ser deflagrada”, diz trecho do esclarecimento.
De acordo com os prints presentes no relatório, em uma conversa um dos suspeitos cita que “o secretário quer a parte dele ainda hoje”. Na sequência, o relatório mostra o Documento de Pedido de Permuta de W.T. e os outros 4 presos, da PCE para o Carumbé, assinado pelo então secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Alexandre Bustamante.
“Em seguida, foi possível perceber outras imagens com ‘parecer favorável positivo’ do Secretário de Segurança Pública de Mato Grosso à época, Alexandre Bustamante, autorizando a transferência dos referidos presos para Centro de Ressocialização de Cuiabá, devendo ocorrer entre 16/06/2020 a 03/07/2020”, diz trecho do relatório.
Na nota de esclarecimento, a defesa pontua que Bustamante “sempre esteve e estará à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos necessários. Entretanto, ele não se manifestará publicamente sobre o assunto até o final das investigações, tendo em vista seu histórico profissional de combate às organizações criminosas”.
Leia, abaixo, a íntegra da nota:
“O advogado Alexandre Bustamante dos Santos, após tomar conhecimento pela imprensa, vem a público esclarecer as falsas acusações de envolvimento do seu nome em negociatas relacionadas à transferência de presos no Estado de Mato Grosso.
Gostaríamos de enfatizar que:
1. Alexandre Bustamante não teve participação em nenhuma negociata de transferência de presos.
2. A transferência de presos no Estado de Mato Grosso segue um protocolo rigoroso que não perpassa pelo Secretário de Segurança.
3. Durante seu período na Secretaria de Segurança, Bustamante não teve qualquer contato com os envolvidos nas supostas irregularidades, e no período acredita que estas transferências não ocorreram.
4. Temos a convicção que houve um equívoco na análise das informações ou que seu nome foi envolvido de forma errônea ou maliciosa pelos responsáveis e os envolvidos na investigação.
5. Causa surpresa que os documentos, que se tornaram públicos, que mencionam a transferência de presos, não tenham sido verificados antes da operação ser deflagrada.
Alexandre Bustamante reitera que sempre esteve e estará à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos necessários. Entretanto, ele não se manifestará publicamente sobre o assunto até o final das investigações, tendo em vista seu histórico profissional de combate às organizações criminosas.”