Rio – Os fantasmas ficaram em 2023 e foram exorcizados pelo clube da estrela solitária. Depois de 29 anos, o Botafogo de Futebol e Regatas desentala o grito da garganta e comemora seu terceiro título de Campeonato Brasileiro de história, para coroar uma campanha marcada por regularidade, força na arquibancada e um projeto ambicioso focado no retorno ao protagonismo.
Se na temporada passada o Glorioso começou com tudo, chegou a abrir 14 pontos já no segundo turno e acabou perdendo o título, terminando na quinta colocação, na atual o cenário foi diferente. Muito equilíbrio ao longo da competição sem uma diferença grande, mas liderando na maior parte.
Mauro Pimentel / AFP
Foram alguns jogos com atuações marcantes nesta edição do Brasileirão. No primeiro turno, o Glorioso conseguiu vitórias importantes fora de casa contra Flamengo (2 a 0) e Corinthians (1 a 0), e outras no Nilton Santos com peso para a trajetória, como Atlético-MG (3 a 0) e Palmeiras (1 a 0). Nem mesmo tropeços em times da parte baixa da tabela, como Criciúma (derrota por 2 a 1 fora de casa) e Athletico-PR (empate em 1 a 1 no Rio) tiraram o Glorioso da liderança ao fim da primeira metade, com dois pontos de vantagem para o Flamengo (40 a 38).
Derrota dura e virada de chave
Na primeira rodada do returno, contra o Cruzeiro, um 3 a 0 aplicado pela equipe mineira chamou atenção do técnico Artur Jorge. Mesmo com boa atuação, o Botafogo acumulou chances perdidas e sofreu com os contra-ataques. A resposta veio logo na rodada seguinte, com a goleada por 4 a 1 sobre o Atlético-GO, em Goiânia.
Já no duelo pela 22ª rodada, o Botafogo sofreu novo tropeço, desta vez para o Juventude, em Caxias do Sul, com a derrota por 3 a 2, mas, ainda assim, não saiu da ponta. Este foi o marco para uma série invicta de 11 jogos na competição.
O Botafogo, depois disso, empilhou resultados positivos, como nos clássicos com Flamengo (4 a 1) e Fluminense (1 a 0), e em jogos difíceis fora de casa diante de Athetico-PR e Red Bull Bragantino (ambos vitória por 1 a 0). O momento começou a chamar atenção devido às ótimas fases vividas por jogadores como Bastos, Gregore, Savarino, Thiago Almada, Luiz Henrique e Igor Jesus, astros do Glorioso.
Com emoção
Na reta final, o Botafogo viu alguns empates, como contra Grêmio, em Brasília, e Criciúma, no Maracanã, colocarem uma pulga atrás da orelha do torcedor. A vantagem para Palmeiras e Fortaleza – que chegou forte na disputa – foi variando entre três e um ponto, até que o Alvinegro venceu o Vasco por 3 a 0 e viu o Verdão perder o clássico para o Corinthians.
Seis pontos de vantagem faltando seis rodadas para o fim. Quando recebeu o Cuiabá para confirmar a margem, empate sem gols no Nilton Santos e redução para quatro. 68 pontos para o time carioca, 64 para o Palmeiras e 63 para o Fortaleza. Briga acirrada pela taça.
Na prévia da final da Libertadores, alerta ligado em General Severiano. Um empate sem gols com o Atlético-MG fora de casa, junto à vitória do Palmeiras de virada sobre o Bahia, encurtou a distância para apenas dois pontos. As equipes jogaram no fim de semana, e o Glorioso tropeço em casa no Vitória, com empate em 1 a 1. O Verdão, por sua vez, bateu o Atlético-GO e assumiu a ponta pelo número de vitórias – na tabela, empate em 70 pontos entre os rivais. Em seguida, no dia 26 de novembro, fizeram confronto direto no Allianz Parque. Caminhos cruzados novamente na luta pela taça.
No Allianz, um massacre dos comandados de Artur Jorge na semana da Libertadores – que foi conquistada com vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG em Buenos Aires. O Botafogo passeou diante da equipe paulista, vencendo pelo mesmo placar, com gols de Gregore, Savarino e Adryelson. Três pontos de vantagem para o Alvinegro, que chegou para as duas últimas rodadas embalado com a conquista continental.
Força do elenco
Em meio ao desgaste com sequência pesada de jogos, como o contra o Palmeiras e a final da Libertadores, o Botafogo foi ao Beira-Rio na 37ª rodada podendo ser campeão. O Glorioso precisaria vencer o Internacional e torcer por um tropeço do Palmeiras, ou apenas empatar e contar com a derrota do Verdão para o Cruzeiro. No Sul, dever feito e vitória por 1 a 0 com golaço de Savarino. No Mineirão, o time paulista saiu atrás, mas conseguiu a virada no final com gol de Estêvão. Com isso, a decisão ficou para a última rodada. O Alvinegro precisava de apenas um empate contra o São Paulo, no Nilton Santos.
Um ambiente perfeito para levantar o troféu. No dia 8 de dezembro, data de comemoração da fusão do Club de Regatas Botafogo e do Botafogo Football Club (nascendo então o Botafogo de Futebol e Regatas), e dia dedicado a Nossa Senhora da Conceição, padroeira do clube, o Glorioso não decepcionou. Saiu na frente jogando em casa, sofreu o empate, mas segurou bem a partida. O 1 a 1 no Nilton Santos deu ao Glorioso o terceiro título de sua história.