O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, assegurou nessa quarta-feira (31), em evento de entrega das obras de ampliação e modernização do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, que a internacionalização do terminal – promessa antiga e cuja inauguração era esperada também para esta semana – irá sair do papel dentro das próximas semanas. Ontem, o evento contou com a vinda do presidente Lula (PT) a Mato Grosso. No entanto, o terminal internacional não foi lançado por falta de documentos que autorizem a operacionalização.
“O presidente Lula já determinou, ao lado da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], que nessas próximas semanas nós estaremos com o Aeroporto de Cuiabá internacionalizado para receber voos internacionais, tendo visto a importância do agronegócio aqui para o Estado. Um estado que hoje cresce quase 10% do PIB, que vem gerando emprego, mas sobretudo vem produzindo muitas riquezas para o Brasil”, disse o ministro durante a cerimônia de entrega da reforma dos quatro aeroportos geridos pela Centro Oeste Airports (COA): de Cuiabá, Alta Floresta, Sinop e Rondonópolis.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) ainda aguarda uma última autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o aeroporto possa começar a operar como internacional. Depois disso, o próximo passo é tocar as negociações com as companhias aéreas que vão trazer esses voos para o Estado.
“Esse ano vamos crescer mais que 10% no PIB e a perspectiva nos próximos três ou quatro anos é que nós possamos chegar a mais de 4,5 milhões de passageiros voando aqui no aeroporto, trazendo desenvolvimento para o estado”, pontuou o ministro.
Vosmar Rosa/MPor
Presidente Lula e ministro Silvio Costa Filho inauguram obras nos aeroportos de Mato Grosso
O Aeroporto Marechal Rondon possui, atualmente, a capacidade de atendimento de 5,7 milhões de passageiros por ano, mas tem uma estimativa de fluxo diário de 8,9 mil pessoas entre passageiros e funcionários das empresas que operam o sistema aeroportuário, o que dá pouco mais de 3 milhões por ano. Atualmente, apenas as empresas nacionais Gol, Latam e Azul operam voos no local. Com a internacionalização, serão definidas as outras companhias que irão atuar.
O terminal não faz voos internacionais comerciais de forma regular há 26 anos. Nos últimos anos, o aeroporto chegou a receber alguns voos internacionais em caráter temporário, como em janeiro deste ano, para as partidas do Cuiabá na Copa Sul-Americana de 2024. A medida também aconteceu em 2022, quando o Dourado disputou o torneio continental, e no ano passado, devido à realização do jogo da Seleção Brasileira, na Arena Pantanal, pelas eliminatórias da Copa do Mundo.
Além disso, em junho de 2014, durante a Copa do Mundo, o Aeroporto Marechal Rondon voltou a ter voos internacionais depois de 16 anos, com um jato com capacidade para 50 pessoas vindo de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Na ocasião, os voos regulares internacionais foram operados pela empresa Amaszonas em caráter temporário.
Em 2016, o Governo do Estado liberou o setor de desembarque internacional com a chegada do voo de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), que trazia o governador Rubens Costas Aguilera para participar de dois eventos em Cuiabá. Contudo, apesar da inauguração, os voos internacionais realizados na época eram apenas os fretados.
Demanda antiga
Cuiabá já operou voos internacionais por fretamento para Miami, Chile e Paraguai na década de 90. Além disso, em 1980, a empresa Loyd Aereo Boliviano (LAB) operou por quase um ano uma linha diária entre Cuiabá e Santa Cruz de La Sierra. O custo era complementado por cargas destinadas a atender à grande demanda da Bolívia. Um dos públicos era de negócios em Santa Cruz. Outra parte eram passageiros que iam para os Estados Unidos, a partir de Santa Cruz, já que as passagens eram mais baratas e as conexões mais rápidas. A operação foi suspensa em 1998 e não foi mais retomada de forma definitiva.
O Marechal Rondon é administrado pela empresa Centro Oeste Airports (COA) desde 2019, quando saiu da gestão da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). No contrato, a COA assumiu uma série de compromissos para fazer em até 36 meses, como a readequação na capacidade de processamento de passageiros e bagagens, incluindo a área de movimento de aeronaves, terminal de passageiros, estacionamento de veículos, vias de acesso associadas a outras infraestruturas, além de melhorias nos equipamentos e nas instalações para o adequado atendimento ao cliente. Já para ser internacionalizado, foi preciso adequar o espaço para atender os requisitos da Agência Nacional Aviação Civil (Anac), que através da resolução 181/2011 estabelece a obrigatoriedade da alfândega, de polícia de fronteira, saúde pública, vigilância agropecuária, entre outros requisitos. Os serviços tiveram alguns atrasos.
Thaís Fávaro
O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda
Próximos passos
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, já estão sendo feitas tratativas com algumas empresas de aviação para operacionalizar os voos internacionais nos próximos meses.
“Tenho conversado há mais de ano com a empresa boliviana, a Boa. Eles têm interesse de fazer o voo Cuiabá a Santa Cruz, na Bolívia. Nós temos muitos brasileiros e muitos mato-grossenses que moram, estudam ou têm negócios em Santa Cruz. Além disso, do aeroporto de Santa Cruz, é possível ir para Miami. Para fazer escala Cuiabá/Santa Cruz/Miami, são menos três horas de voo e a passagem é um terço do preço. O mais difícil nós já vencemos”, diz.
César afirma que as empresas estão aguardando a internacionalização para começar esse processo. A internacionalização também atrai grandes redes hoteleiras de olho no crescimento do turismo estadual. Com voos diretos a outros países, é possível investimentos em hospedagem na região da Transpantaneira, por exemplo. Para a Sedec, há a possibilidade do aeroporto se tornar um hub do Estado, com voos diretos para Bolívia, Argentina, Chile, Estados Unidos e para Europa.