Após uma década, motoristas, moradores e comerciantes de Várza Grande voltam a sofrer com os transtornos causados por obras de um modal de transporte público, dessa vez do BRT (Bus Rapid Transit), que veio para substituir o antigo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Com o avanço dos trabalhos, pontos de grande congestionamento no trânsito têm se formado nos últimos dias na Avenida da FEB, que liga o município à Cuiabá. Alguns trechos ficam praticamente “trancados” durante os horários de pico. Além disso, o registro de acidentes passa a ser comum nestes pontos.
Os transtornos na via começaram em 2012, com a implantação do VLT. Na época, muitos comércios foram retirados da região, houve desapropriações e muitos pontos de congestionamentos se formaram também, até a obra parar, em 2014. Em 2023, os trabalhos foram retomados para o BRT. A 4ª fase da obras de implantação do modal começou no dia 30 de junho e compreende o trecho entre o Viaduto Isabel Campos, que dá acesso à Ponte Nova, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, avançando até a trincheira do Zero KM, próximo ao Aeroporto Marechal Rondon, com interdição de meia pista nos dois sentidos da avenida.
Segundo a Prefeitura de Várzea Grande, a estimativa é de que no horário de pico, mais de 5 mil veículos trafegam no trecho da Avenida da FEB. Com as interdições, as pistas estão com congestionamentos que podem durar 40 minutos ou mais.
“Às vezes, a movimentação de um dos maquinários interdita a via totalmente por cinco minutos e isso reflete em até 30 minutos a mais de congestionamento até o fluxo voltar ao normal”, explica o guarda municipal de Várzea Grande, Gustavo Tertuliano.
Segundo Tertuliano, para quem sai de Várzea Grande para Cuiabá, há pontos de congestionamentos durante todo o dia e, nos horários de pico, o trânsito praticamente não flui. “Para quem vai para o aeroporto, o congestionamento maior é a partir das 18h40. Já no sentido Cuiabá, o ápice é às 7h”, afirma.
Prefeitura de Várzea Grande
Acidentes
Com as obras, mais acidentes foram registrados pela Guarda Municipal na Avenida da FEB. Só na segunda-feira, de 12 acidentes registrados em Várzea Grande, seis foram na via em obras. O motivo, segundo o guarda municipal, se resumem à imprudência por parte dos condutores.
“Esses acidentes não deviam estar acontecendo, justamente porque o trânsito está lento. Mas acontecem duas situações: a primeira é que muitos motociclistas estão usando o corredor formado entre o canteiro de obras e os blocos de concreto que estão lá para proteger os operários das obras. Aí o motociclista trafega por esse corredor para furar o congestionamento e acaba batendo no concreto ou atravessando na frente de um carro ao sair do corredor”, explica.
“Para quem vai para o aeroporto, o congestionamento maior é a partir das 18h40. Já no sentido Cuiabá, o ápice é às 7h”
“A segunda situação é que muitos motoristas ficam mexendo no celular, porque o trânsito está lento. Só que ao mexer, acabam deixando de prestar atenção e, na hora de sair, acabam batendo na traseira do carro da frente. Tivemos vários desses pequenos acidentes”, completou.
Por causa disso, o guarda reforça que a atenção precisa ser redobrada nestes pontos. “E é importante não invadir o corredor de proteção”, pontua.
Rotas alternativas
Para amenizar os congestionamentos, há rotas de desvios alternativas nos dois sentidos da pista.
No sentido de Várzea Grande para Cuiabá, as rotas alternativas indicadas são a Avenida 31 de Março e a Rua Irmã Elvira, localizada ao lado da concessionária Domani. Já para quem se desloca de Cuiabá para Várzea Grande, é possível desviar pela Rua Benedita Bernardino Curvo, ao lado do Shopping Fórmula, ou pela Avenida Dom Orlando Chaves.
Veja quais são as rotas alternativas:
Sentido Aeroporto – Ponte Júlio Müller – Cuiabá
1º – Avenida 31 de Março, Av. Isabel Pinto, Av. Dr. Paraná, Ponte Sérgio Motta
2º – Rua Irmã Elvira, Rua Alves de Oliveira, Travessa Barnabé de Mesquita, Dom Orlando Chaves, Ponte Nova
Sentido Cuiabá – Centro De Várzea Grande – Aeroporto
1º – Rotatória do Fort Atacadista/ Av. vereador Abelardo Azevedo; Av. Dom Orlando Chaves; Av. 31 de Março.
2º – Rua Manoel Gomes; Rua Benedita Bernardina Curvo (atrás das Lojas Havan); Rua Brasília; Av. Ulisses Pompeu (Ponte Nova).
Prefeitura de Várzea Grande
BRT X VLT
O BRT começou a ser implantado no lugar das obras do VLT, que foram suspensas em dezembro de 2014 e estavam paradas desde então, após escândalos de corrupção e investigação da Polícia Federal, além de embates na Justiça. Foram gastos mais de R$ 1 bilhão com as obras do VLT.
O novo projeto tem investimento previsto de R$ 468 milhões e está sendo tocado pelo Consórcio Construtor BRT Cuiabá, formado por empresas de São Paulo.
O Governo de Mato Grosso decidiu a substituição do modelo de transporte após estudos técnicos que apontaram que a continuidade das obras do VLT era “insustentável”, demoraria até seis anos para conclusão, custosa aos cofres públicos, com pouca vantagem à população e ainda contaria com uma tarifa muito alta.
Projeto do novo modal
As obras do BRT devem entregar 135 linhas entre Cuiabá e Várzea Grande. As entregas serão realizadas separadamente, conforme apresentação do projeto do trecho e aprovação das etapas pela Sinfra.
A implementação novo modal foi dividida em cinco fases. A primeira engloba Várzea Grande, enquanto as outras se concentram em Cuiabá: na Avenida do CPA, Avenida Fernando Corrêa, região da Prainha e por último no Centro.
Com a divisão do projeto em etapas, a empresa responsável pela construção do modal terá que entregar o projeto de cada fase de forma separada. Cada planejamento será analisado e passará para a fase de execução somente após o aval da Sinfra.