Agricultores familiares do Acampamento Renascer, Gleba Mestre I, no município de Jaciara (a 143km de Cuiabá), acusam policiais da Patrulha Rural da Polícia Militar de ação truculenta nesta terça-feira (10). De acordo com o relato, os policiais estariam acompanhados de grileiros ligados à usina da região e teriam derrubado cercas de um morador que ocupa a área há mais de 10 anos.
Segundo denúncia feita pela Comissão Pastoral da Terra, os agricultores estavam colhendo o roçado no momento em que receberam a informação da suposta ação policial. Os trabalhadores também afirmaram que, ao filmarem a ação, teriam sido ameaçados de prisão pelos policiais.
Reprodução/CPT
Diante da discussão, a situação teria ficando ainda mais perigosa, quando os PMs teriam começado a efetuar disparos de balas de borracha nas costas dos trabalhadores. Segundo a Pastoral, os agricultores ainda citaram agressões com chutes e socos, o que teria deixado cerca de dez pessoas feridas, além de duas detidas.
“É uma covardia, é um desacato, é terrível a Polícia que é para cuidar de nós fazer um desarranjo desse contra nós”, expressou, com revolta, uma das trabalhadoras presentes no local.
Há cerca de duas semanas, de acordo com lideranças, um dos moradores do acampamento teve seu veículo alvejado por tiros ao passar em frente à usina. “Gostaria de saber cadê a lei do cidadão brasileiro trabalhador, dos pequenos agricultores da agricultura familiar”, continuou a moradora, que teve a identidade preservada.
“Têm muitas pessoas feridas aqui no acampamento. Por favor, órgãos responsáveis, nos ajudem, pois a situação aqui está muito perigosa”, pediu uma outra moradora, que também manteve anonimato.
Área Grilada
Conforme a Pastoral da Terra, a área de conflito refere-se a um assentamento criado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em 2004, no qual até hoje as famílias não foram assentadas devido a área estar grilada por uma usina.
Relatório elaborado pela Comissão Pastoral da Terra Regional Mato Grosso, finalizado em abril de 2023, destaca que, desde janeiro de 2014, há sentença da Justiça Federal reconhecendo a propriedade da área pela União, com determinação de reintegração de posse em favor desta.
Outro lado
O entrou em contato com a Polícia Militar em busca de esclarecimentos, mas até a publicação desta matéria não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.