Incidente ocorreu em 4 de fevereiro de 2023 no Texas. Um desastre potencial foi evitado no último momento, quando os pilotos de cargueiro avistaram a silhueta de um Boeing 737-700 da Southwest.
Conclusão do órgão investigador foi divulgada na quinta-feira (6). Animação do NTSB mostra incidente de quase colisão de fevereiro de 2023 em Austin
As “ações heroicas” da tripulação de um Boeing 767-300 da FedEx impediram uma catástrofe no aeroporto de Austin, no Texas, em 2023, afirmou Jennifer Homendy, presidente do NTSB, órgão responsável pela investigação de acidentes aéreos nos EUA..
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O avião da FedEx estava na aproximação final para pousar no aeroporto de Austin quando quase colidiu com a parte superior de um Boeing 737-700 da Southwest, que estava acelerando na pista para decolar. Ao perceber o jato da Southwest próximo, o piloto do cargueiro da Fedex arremeteu —e evitou o que teria sido um evento “catastrófico”.
As aeronaves ficaram a menos de 60 metros de colidir.
“Este incidente poderia ter sido catastrófico se não fosse pelas ações heroicas da tripulação da FedEx”, disse Homendy ao apresentar as conclusões da investigação, na última quinta-feira (6).
A investigação concluiu que um erro de um controlador de tráfego aéreo, que assumiu que o avião da Southwest decolaria de um aeroporto no Texas antes que o da FedEx pousasse, contribuiu para o incidente.
O NTSB apontou ainda que os pilotos da Southwest contribuíram para o incidente em Austin ao não informar ao controlador que precisavam esperar um tempo na pista antes de iniciar a decolagem.
O controlador de tráfego aéreo havia autorizado ambos os aviões a usarem a mesma pista. Um desastre potencial foi evitado no último momento, quando os pilotos da FedEx avistaram a silhueta do jato da Southwest e subiram para evitar o perigo.
As aeronaves ficaram a 60 metros de colidirem no aeroporto de Austin, nos EUA, em fevereiro de 2023.
Reprodução/NTSB
O pior acidente da história da aviação ocorreu quando dois aviões em meio a uma forte neblina bateram na Espanha, em 1973. Na ocasião, conhecida como o “desastre de Tenerife”, 583 morreram.
O membro da junta, Michael Graham, qualificou o incidente como uma falha na segurança aérea.
De quem é a culpa
Em suas conclusões de causa provável adotadas por unanimidade, a junta de cinco membros também culpou a Administração Federal de Aviação por não exigir que o aeroporto de Austin tivesse tecnologia que teria ajudado o controlador de tráfego aéreo Damian Campbell a rastrear os aviões. Ele disse aos investigadores que não podia ver o jato da Southwest quando este se dirigia à pista.
A junta também sustentou que a falta de treinamento recente dos controladores de Austin para operar em visibilidade reduzida contribuiu para o incidente.
Campbell disse aos investigadores que esperava que o jato da Southwest decolasse mais rapidamente. O controlador disse que teria feito a tripulação da Southwest esperar até que o Boeing 767 da FedEx pousasse.
Momento em que aviões se aproximam em aeroporto, no Texas
Reprodução/FlightRadar24
Os investigadores da NTSB disseram que os controladores em Austin não tinham treinado recentemente nem trabalhado em condições de baixa visibilidade. “Como resultado”, disse o investigador Brian Soper, Campbell “não estava adequadamente preparado para lidar com o tráfego” naquela manhã.
Os investigadores apontaram que o aeroporto de Austin carece de tecnologia de rastreamento terrestre baseada em radar — em uso em outros 43 aeroportos dos Estados Unidos — que teria ajudado o controlador a rastrear os aviões. A FAA anunciou planos para disponibilizar a tecnologia de rastreamento baseada em GPS em mais aeroportos, incluindo Austin.
Os investigadores também notaram que os pilotos da Southwest ainda estavam a 167 metros da pista quando disseram que estavam prontos para decolar. Quando chegaram à pista, demoraram mais tempo para acelerar os motores. Os pilotos deveriam ter informado ao controlador que precisavam de mais tempo, disse o investigador Warren Abrams, um ex-comandante de companhia aérea.
Robert Bradeen Jr., copiloto da FedEx, estava no público na quinta-feira e foi ovacionado. Hugo Carvajal III, comandante do 767 da FedEx, que não estava na audiência, disse aos investigadores que estava “irritado e perplexo” quando ouviu o controlador autorizar a decolagem do jato da Southwest na mesma pista à qual ele se aproximava.
O incidente foi um dos vários ocorridos no ano passado que levaram a FAA a convocar uma “cúpula de segurança” com participantes da indústria da aviação.
Animação do NTSB mostra incidente de quase colisão de fevereiro de 2023 em Austin, nos EUA.
Reprodução/NTSB
As autoridades da FAA mantêm que a aviação nos Estados Unidos nunca foi tão segura. No entanto, um painel de especialistas independentes concluiu no ano passado que a margem de segurança está diminuindo e que a FAA precisa de melhor pessoal e tecnologia para gerenciar o espaço aéreo nacional.
“Ainda que alarmantes, eventos como (o de Austin) são incomuns. A aviação comercial é de longe nosso modo de transporte mais seguro”, disse Jennifer Homendy, presidente do NTSB. “Mas a triste realidade é que basta um” erro para “nos levar a uma tragédia, quebrar nosso excelente recorde de segurança e destruir a confiança pública em nosso sistema de aviação”.
Segundo a FAA, no ano passado houve 23 das mais graves “incursões na pista” — incidentes que envolvem um ou mais aviões em terra — em comparação com 16 em 2022.
“Estamos indo na direção errada”, disse Homendy.
A NTSB planeja publicar seu relatório sobre o incidente de Austin nas próximas semanas.
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