Abin paralela: os núcleos do esquema ilegal de espionagem, segundo as investigações da PF

Investigações apontam que policiais, servidores e funcionários da Abin formaram organização criminosa para monitorar, na gestão Bolsonaro, pessoas e autoridades públicas. ‘Abin paralela’: Investigações apontam que delegado usava grupo para compartilhar informações falsas
A Polícia Federal aponta a existência de quatro núcleos no esquema ilegal de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ficou conhecido como Abin paralela e é investigado na Operação Última Milha.
Segundo os investigadores, policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo celulares e computadores. O esquema teria funcionado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado desde 2023.
Nesta quinta-feira (11), quatro pessoas foram presas pela Polícia Federal em uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi uma das vítimas do monitoramento ilegal.
Veja a lista de autoridades e jornalistas espionados
Saiba o que dizem os citados e as vítimas
De acordo com a PF, os investigados se dividiam nos núcleos (clique no link para saber quem eram os investigados e quais suas funções):
Alta gestão
Subordinados
Evento portaria 157
Tratamento de logs
Núcleo da Alta Gestão
Composto por delegados da Polícia Federal que estavam cedidos à Abin, onde exerciam funções de direção, e utilizavam o sistema First Mile (que é um software de monitoramento) para espionar autoridades públicas e jornalistas. As vítimas de espionagem seriam desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O grupo tinha como objetivo executar ações de contrainteligência e criação de relatórios que seriam divulgados para disseminação de informações falsas.
Faziam parte desse grupo:
Alexandre Ramagem (PL-RJ), delegado da PF que atualmente é deputado federal e que chefiou a Abin de julho de 2019 a julho de 2022. Ramagem é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro
Carlos Afonso Gonçalves, delegado da PF e ex-diretor do Departamento de Inteligência Estratégica.
Núcleo dos subordinados
Composto por policiais federais cedidos à Abin, esse grupo servia de “staff” da alta gestão e cumpria determinações, monitorando alvos e produzindo relatórios.
Faziam parte desse núcleo:
Marcelo Araújo Bormevet, servidor e secretário de Planejamento e Gestão que trabalhava com credenciamento de segurança e pesquisa para nomeações.
Felipe Arlotta Freitas, policial federal que ocupou a coordenação do Centro de Inteligência Nacional
Carlos Magno de Deus Rodrigues, policial federal e ex-coordenador-geral de credenciamento de Segurança e Análise de Integridade Corporativa
Henrique César Prado Zordan, policial federal lotado no gabinete do diretor-geral da Abin
Alexandro Ramalho, policial federal que estava lotado no gabinete do diretor-geral da Abin
Luiz Felipe Barros Felix, policial federal lotado no gabinete do diretor-geral da Abin
Núcleo Evento Portaria 157
Eram os responsáveis pelas ações que tinham o objetivo de vincular, sem fundamento, parlamentares e ministros do Supremo à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Era composto por:
Ottoney Braga dos Santos
Thiago Gomes Quinalia
Renato Pereira de Araújo
Rodolfo Henrique Nascimento
Ricardo Wright Minussi Macedo
Núcleo Tratamento de ‘Logs’
Composto apenas por Bruno de Aguiar Faria, o núcleo era responsável pelo tratamento dos dados gerados pelo sistema First Mile.
Os chamados “logs” são arquivos com os dados gerados a partir dos acessos via First Mile aos aparelhos (celulares e computadores) das vítimas da espionagem ilegal.

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