The Sims é, sem dúvidas, uma das franquias mais importantes do mundo dos games e em 2025, ela completará nada menos do que 25 anos de vida. Durante este período, nós tivemos quatro jogos principais, dezenas de expansões e inúmeros spin-offs no PC, em consoles e até em dispositivos mobile. Infelizmente, a Electronic Arts não parece mais interessada em continuar o modelo de negócios que funcionou por todo esse tempo.
Em vez de entregar uma sequência verdadeira à The Sims 4, a empresa está focada em fornecer ainda mais expansões para o game atual e em entregar um novo jogo multiplayer online e free to play, possivelmente com ainda mais microtransações. Obviamente, muitos consideram isso como o fim da amada franquia da forma que a conhecemos, o que te explica melhor logo a seguir!
25 anos de lhamas
Com a chegada dos 25 anos de The Sims, a Electronic Arts anunciou recentemente como a empresa comemorará essa data tão especial. Eles confirmaram que um filme inspirado na franquia está em produção, garantiu que continuará o suporte para The Sims 4 (o que significa mais DLCs pagas), anunciou que criadores de conteúdo e mods poderão fazer packs oficiais, comentou que haverá novas experiências mobile e ainda revelou que o tal Project Rene será um tipo de spin-off multiplayer online.
Tudo indica que ficaremos presos com The Sims 4 por um bom tempoFonte: Electronic Arts/Reprodução
Como dá para perceber, não há sinal do esperado The Sims 5, um jogo que pode não ser concebido ao todo. Segundo uma entrevista de Kate Gorman (gerente geral da franquia), sua equipe não está mais focada em “substituir projetos anteriores” com games novos, o que mata completamente a ideia de The Sims 5 por enquanto. Em vez disso, Kate disse que eles querem apenas adicionar ao universo já existente e que The Sims 4 continuará sendo a experiência fundamental para os jogadores.
A decepção dos fãs foi imediata, especialmente porque The Sims 4 tem sido um grande motivo de frustração constante por 10 anos. A esperança é que The Sims 5 chegaria em breve e resolveria muitos dos problemas de seu antecessor, além de oferecer certos elementos de expansões bem antigas direto no jogo base, como estações do ano, mudanças de clima, profissões ativas, animais domésticos, etc.
Mesmo sendo mais antigos, os três primeiros jogos da franquia tinham mais detalhes e inovações que The Sims 4Fonte: Electronic Arts/Reprodução
É claro que a EA ainda pode mudar de ideia e lançar The Sims 5 no futuro, mas mesmo que eles iniciassem seu desenvolvimento hoje, ainda demoraria alguns anos para vermos o produto final. Isso significa que podemos esquecer sobre qualquer evolução real da série, já que a base de The Sims 4 não vai mudar e vamos continuar recebendo pacotes caros e que entregam uma experiência limitada e superficial. Se não conhece tanto sobre esse game, eu te explico melhor no próximo tópico.
O eterno The Sims 4
Em seus primeiros 14 anos de vida, a franquia The Sims teve uma evolução bem constante quanto aos seus visuais, elementos de gameplay e novidades entregues nos jogos principais e as respectivas expansões. Foi com a chegada de The Sims 4, em 2014, que esse cenário começou a mudar de forma gradual. No lançamento, o jogo base era um desastre e não possuía muitos fatores básicos de seus antecessores, além de não contar mais com o mundo aberto ou a customização de The Sims 3.
Acredite ou não, demorou 9 anos para a EA colocar cavalos em The Sims 4Fonte: Electronic Arts/Reprodução
Esse retrocesso ficou mais evidente a cada expansão lançada, já que os pacotes contavam com menos funções que os de jogos anteriores e eram bem superficiais no gameplay. Um bom exemplo disso é que existem três pacotes diferentes focados em animais que não conseguem entregar o mesmo conteúdo de uma única expansão de The Sims 3. Também podemos citar que há dois pacotes especificamente sobre a vida de apartamento que, juntos, não contam com tudo que uma mísera expansão de The Sims 2 tinha a oferecer.
O mesmo pode ser dito sobre a interação dos Sims com objetos ou outros Sims e até mesmo das atividades e afazeres do dia a dia. Se tiver curiosidade, há inúmeras comparações dessas interações e de animações de The Sims 4 com The Sims 3 e The Sims 2 no YouTube, mostrando o desleixo da EA com o game mais atual. Para terem noção, demorou anos para o game sequer tivesse bebês normais ou com progressão de idade, já que antes eles eram um mero objeto interativo que viraram crianças de 10 anos depois de alguns dias. Até então, apenas The Sims 1 tinha esse sistema tão arcaico, mas ele foi lançado em 2000, 14 anos antes de The Sims 4.
Ao que tudo indica, boa parte deste problema ocorre porque The Sims 4 foi pensado originalmente como um jogo multiplayer online, uma ideia que foi descartada após o fracasso de SimCity (2013). Boa parte da base do game estava pronta e foi reaproveitada, gerando um jogo mais limitado e que ainda tem muitos traços do seu conceito original e que não necessariamente funcionam bem em uma experiência tradicional e single player.
Isso não impediu a EA de lançar o maior número possível de expansões, pacotes de jogo, pacotes de objetos e kits para The Sims 4. Até setembro de 2024, há nada menos do que 79 DLCs disponíveis, enquanto os três jogos anteriores combinados possuem 45 DLCs no total. Levando em conta o anúncio recente da empresa, esse número só tende a crescer nos próximos anos, mas a qualidade deve continuar no nível que já conhecemos.
Alternativas
Eu conheci The Sims em 2001 e, desde então, essa é uma das minhas franquias favoritas. Eu sou culpada de dar dinheiro pra EA em diversos dos pacotes de The Sims 4 porque sempre acreditei que o game poderia melhorar no longo prazo, o que de fato aconteceu. O jogo base, atualmente, é gratuito, possui mais conteúdo que qualquer versão base de seus antecessores e tem a melhor versão de criador de personagens e do modo construção. Além disso, há muitas mudanças de qualidade de vida, boas mecânicas e ideias interessantes em muitos dos pacotes oferecidos.
Só que isso tudo não muda o fato de esses pacotes são realmente mais superficiais e que a base toda do jogo é mais limitada. Além disso, nada justifica a existência de tanto DLC pago, mesmo que o jogo esteja disponível há 10 anos. Esse definitivamente não é o jogo que a EA deveria sustentar como o último grande The Sims, mesmo que ele seja extremamente rentável e tenha uma base enorme de jogadores.
InZOI possui um foco muito mais realista do que The Sims e ParalivesFonte: Krafton/Reprodução
Começar do zero com outro game poderia ser irritante para quem já comprou muitos pacotes de The Sims 4, mas seria a melhor solução para escaparmos de suas limitações. Sabendo que há poucas chances disso acontecer agora, o que posso fazer é comentar algumas alternativas à The Sims que você pode experimentar no futuro: Paralives e InZOI.
Paralives é um jogo independente que está sendo desenvolvido há pelo menos 5 anos e que promete oferecer um jogo de simulação de mundo aberto, no qual você poderá gerenciar seus personagens e construir suas casas dos sonhos à vontade. O game começou como um projeto solo do desenvolvedor Alex Massé, mas desde então, ele conseguiu contratar 10 pessoas com o dinheiro arrecado por 7.500 fãs no Patreon mensalmente. Paralives será lançado em acesso antecipado no PC em 2025 e promete que nunca cobrará por atualizações e futuras expansões.
Já o InZOI é outro jogo de simulação de vida, mas desenvolvido pela Krafton, mesma empresa responsável por PUBG: Battlegrounds. Esse jogo parece mais focado no realismo, tanto na questão visual como no gameplay, o que deve agradar quem sempre sentiu falta disso em The Sims. De acordo com a Krafton, o game deve ser lançado no final de 2024, mas é claro que ele ainda pode ser adiado se a empresa achar necessário. Fora isso, não há muita informação de como o jogo será monetizado quanto suas possíveis DLCs.
Pessoalmente, eu acho que Paralives é um projeto mais interessante e com mais personalidade do que InZOI, mas é claro que só saberemos mais sobre a qualidade real de cada um após seus devidos lançamentos. Quem sabe se esse tipo de concorrencia é exatamente o empurrão que falta para a EA sair da zona de conforto com The Sims e começar a entregar um conteúdo melhor e práticas menos abusivas, não é?!
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