Senadora Eliziane Gama negocia acordo para levar pedido à votação. Requerimento é embasado no depoimento do hacker Walter Delgatti Neto, que declarou ter se reunido com presidente do PL e integrantes da campanha de Jair Bolsonaro para discutir supostas vulnerabilidades no sistema eleitoral. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em imagem de 8 de novembro de 2022
Adriano Machado/Reuters
A relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), tenta acordo para votar nesta terça-feira (22) requerimento de quebra de sigilo telefônico e telemático do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
O pedido é embasado em declarações do hacker Walter Delgatti Neto colhidas pela CPI, em depoimento na última quinta (17).
Na ocasião, Delgatti afirmou à Eliziane que compareceu, em 9 de agosto de 2022, a duas reuniões na sede do PL, em Brasília. Valdemar teria participado do primeiro encontro e colocado o hacker em contato com o marqueteiro da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), Duda Lima.
O requerimento de quebra de sigilo foi apresentado pela relatora na sexta (18). Eliziane afirmou à TV Globo que ainda depende de acordo entre os membros da CPI para que o pedido seja analisado na sessão desta terça.
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP), também com base nas declarações de Delgatti, solicitou a convocação do presidente do PL.
À comissão, o hacker afirmou que a estratégia de campanha da sigla consistia em questionar a legitimidade das urnas eletrônicas.
“O Duda, que era o marqueteiro, inicialmente disse que o ideal seria eu fazer uma entrevista, participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas […] Falar da fragilidade das urnas”, afirmou Delgatti.
“E a segunda ideia era, no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna, emprestada da OAB, eu acredito, para que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro”, completou.
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Encontro com Bolsonaro
Além da reunião com membros da campanha de Bolsonaro, Delgatti declarou, ainda, ter se reunido com o então presidente e candidato à reeleição.
À PF, o hacker afirmou que, em um encontro com Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, foi questionado se seria possível fraudar o sistema das urnas eletrônicas.
Na última semana, no depoimento à CPI dos Atos Golpistas, o hacker ainda afirmou que Bolsonaro assegurou um indulto a ele, caso fosse preso ou condenado.
A defesa do ex-presidente disse que Delgatti apresentou “informações e alegações falsas”. Apesar disso, Jair Bolsonaro admitiu ao jornal “O Estado de S. Paulo” que se reuniu com o hacker no ano passado.
Delgatti está preso desde o último dia 2 por invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que também mirou a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP).
Os agentes da PF apuram a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, do CNJ. Zambelli também teria participado do primeiro encontro na sede do PL, no dia 9 de agosto de 2022.
Na última reunião, a comissão decidiu pedir à Justiça que inclua Walter Delgatti Neto em programa de proteção à testemunha.
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