*Este texto foi escrito com base em informações de estudos, agências internacionais e especialistas.
De acordo com registros fósseis coletados em diferentes regiões da Terra, já ocorreram cinco tipos de extinções em massa; a maior delas aconteceu há 250 milhões de anos, quando cerca de 95% de todas as espécies foram extintas. No atual momento, a humanidade ainda está segura, contudo, os cientistas sugerem que o planeta está passando pelo sexto evento de extinção em massa.
De acordo com uma pesquisa do instituto World Wildlife Fund, as plantas e animais selvagens estão cada vez mais sem ambientes naturais para continuar sobrevivendo em segurança. Os pesquisadores afirmam que a Terra está passando por uma das maiores crises de extinção em massa desde o período dos dinossauros.
O novo evento é chamado de extinção do Antropoceno e é a única extinção em massa causada por seres humanos. Destruição de habitat naturais, poluição e agricultura desenfreada são apenas alguns dos fatores que contribuem para a próxima extinção.
O evento de extinção ocorre quando uma espécie desaparece em uma taxa muito mais alta que sua taxa de reprodução.Fonte: Getty Images
“Pense nas consequências da extinção como queimar uma galeria de arte. Portanto, você nem está pensando em um valor direto potencial, mas está pensando na perda intangível do Patrimônio Mundial. Lembre-se, qualquer espécie é um produto de milhões de anos de evolução. Você está olhando para a perda do que torna a humanidade parte do planeta. Você está olhando para o que nos torna completos”, disse o cientista-chefe da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), Thomas Brooks.
Outro estudo sugere que, nas próximas décadas, aproximadamente um milhão de espécies correm o risco de serem exterminadas por conta destas mudanças. Apesar disso, muitos cientistas apontam que tentar antecipar os resultados de um colapso tão significativo é uma tarefa extremamente complexa.
Quando ocorreram as últimas extinções em massa?
- O primeiro evento é chamado de extinção do Ordoviciano-Siluriano, aconteceu há 440 milhões de anos. Na época, morreram pequenos organismos marinhos;
- O segundo evento é a extinção do Devoniano Superior, há 365 milhões de anos. Muitas espécies marinhas tropicais foram extintas;
- O terceiro evento foi a extinção do Permiano-Triássico, há 250 milhões de anos. É considerado a maior extinção em massa que o planeta já passou, quando aproximadamente 95% das espécies deixou de existir;
- O quarto período foi a extinção do Triássico-Jurássico, há 210 milhões de anos. Na época, a extinção atingiu muitas espécies de animais vertebrados, mas possibilitou o crescimento da população de dinossauros;
- Por último, o quinto evento foi a extinção do Cretáceo-Paleógeno (K-Pg), há 65 milhões de anos. O período é conhecido como a extinção que acabou com a maior parte dos dinossauros, eliminando 50% dos animais e plantas na Terra.
Nova extinção em massa?
Um dos autores de um estudo do instituto World Wildlife Fund, Tony Barnosky, explica que a taxa de extinção atual está 100 vezes mais rápida que a média dos últimos eventos de extinção em massa. A humanidade continua em segurança, mas Barnosky aponta que em todas as outras extinções em massa, pelo menos, 75% de todas as espécies foram dizimadas — ou seja, caso alcance a mesma média, a sexta extinção poderia aniquilar até 75% de todos os seres vivos.
Nomeada de extinção do Antropoceno, o sexto evento de extinção está sendo impulsionado por diferentes atividades humanas, como o uso abusivo de água e energia. Atualmente, a agricultura é responsável por aproximadamente 90% do desmatamento global e pelo consumo de 70% de toda a água doce do planeta. A industrialização também é causadora de diversos problemas, desde sistemas de produção que contribuem para a emissão de gases do efeito estufa ao uso insustentável de recursos naturais.
A morte de abelhas pode ser um dos grandes problemas da humanidade, pois elas polinizam cerca de um terço do suprimento alimentos de todo o mundo.Fonte: Getty Images
Caso a humanidade não desvie de um caminho mais desastroso, a Terra continuará a perder sua biodiversidade em um ritmo acelerado. Além da extinção de espécies, o planeta pode sofrer mudanças climáticas críticas nas próximas décadas.
“A perda de água significa que a existência de salmões mortos que você pode ver no rio bem diante de seus olhos. Mas também significa o fim daquelas aves que dependem da pesca do salmão, as águias. Significa, você sabe, coisas como martas e lontras que dependem de peixes. Isso significa que nossos habitats aos quais estamos acostumados, as florestas que — você sabe, florestas de 3.000 anos vão desaparecer. Então significa silêncio. E isso significa alguns eventos muito catastróficos porque está acontecendo muito rapidamente”, disse a bióloga, co-autora do estuo e esposa de Barnosky, Liz Hadly, ao explicar que a mudança climática pode causar diversas consequências para o planeta.
Como salvar o planeta?
Segundo um dos principais cientistas sobre extinções de espécies, Gerardo Ceballos, a única solução para reduzir o atual evento de extinção é desenvolver estratégias para preservar as regiões do planeta que ainda são ricas em recursos naturais. Inclusive, Ceballos está realizando um estudo na Guatemala, em parceria com agricultores locais, para entender se a solução é realmente viável.
Para organizar o salvamento da natureza ao nível global, o cientista afirma que seria necessária uma cooperação internacional em diversas áreas, como política, econômica e social. O objetivo dessa parceria é encontrar soluções adequadas para cada região, a fim de reduzir a mudança climática e a extinção das espécies.
“O que teremos que fazer é realmente entender que a mudança climática e a extinção de espécies é uma ameaça para a humanidade”, diz Ceballos.
Alguns cientistas estimam que aproximadamente 98% de todas as espécies de animais foram extintas nos últimos cinco eventos de extinção em massa.Fonte: Getty Images
Para tentar reduzir os efeitos de uma nova extinção, a Wildlife Conservation Society criou o Tratado do Alto-Mar, uma cooperação internacional para proteger 30% dos oceanos em áreas protegidas até 2030. O acordo foi anunciado na COP 15 (Conferência das Partes de Biodiversidade da Organização das Nações Unidas), em 2022.
De qualquer forma, governos em todo o mundo já estão negociando para criar diferentes acordos de preservação da natureza e redução dos efeitos da mudança climática.
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