Irlanda vai às urnas em pleito com o ex-braço político do IRA na disputa por governar pela 1ª vez


Sinn Fein, herdeiro político do grupo paramilitar que lutou contra britânicos, aparece empatado com Fine Gael, sigla que fazia parte do governo. Custo alto de vida e imigração marcaram campanha, em que vídeo de candidato favorito destratando eleitora se tornou viral. A presidente do partido Sinn Fein, Mary Lou McDonald, caminha em Dublin no último dia de campanha antes das eleições no país, em 28 de novembro de 2024.
Clodagh Kilcoyne/ Reuters
Os irlandeses começaram a votar nesta sexta-feira (29) nas eleições legislativas do país que definirão também o próximo governo da Irlanda. Após uma campanha marcada pelo alto custo de vida e por um vídeo que pode derrubar o atual premiê e candidado favorito, as pesquisas indicam uma situação de empate técnico entre os três principais partidos.
Um deles é o Sinn Fein, ex-braço político do IRA, grupo paramilitar que lutou contra os britânicos na Irlanda do Norte até o acordo de paz de 1998. A sigla nunca governou a República da Irlanda, país de 5,4 milhões de habitantes e que, ao contrário do Reino Unido, ainda faz parte da União Europeia.
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A última pesquisa de intenção de voto, divulgada na quarta-feira (27), mostrou o Sinn Fein com 20% das intenções de voto, empatado com o Fine Gael, de centro-direita. O também centro-direitista Fianna Fail, que governa atualmente o país, aparece ligeiramente à frente, com 22% das intenções de voto.
Os eleitores começaram a votar às 07h desta sexta no horário local (04h pelo horário de Brasília) para definir os 174 deputados da Dail, a Câmara Baixa do Parlamento. A votação prosseguirá até às 22h (19h de Brasília), quando serão publicadas as pesquisas de boca de urna.
A apuração dos votos, no entanto, começará na manhã de sábado (1º), mas pode demorar vários dias devido ao sistema eleitoral complexo na Irlanda.
Video
Um vídeo no qual o atual primeiro-ministro do país deixa uma eleitora falando sozinha se tornou viral nas redes sociais e agitou a campanha — já tensionada por debates sobre o alto custo de vivendas e do custo de vida em geral no país, que gerou uma série de protestos.
As imagens registraram o momento em que o atual primeiro-ministro do país, Simon Harris, que tenta a reeleição, fazia campanha em um supermercado quando encontra uma eleitora.
A mulher, uma enfermeira especializada em pacientes com deficiências, pede para fazer uma pergunta para Harris, e ele volta para escutar. Quase chorando, ela se queixa então de que sua classe trabalhadora foi ignorada pelo governo de Harris e que nunca ouve orçamento para ajustes salariais.
O premiê nega ter ignorado os trabalhadores, discute com a enfermeira e, no final, a deixa falando sozinha (veja abaixo).
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Ele chegou a pedir desculpas após as imagens se tornarem virais, mas jornalistas do país avaliaram que o vídeo pode ter um impacto direto no resultado eleitoral — o partido do premiê, o Sinn Fein, teve queda nas últimas pesquisas de intenção de voto realizadas após o vídeo.
Fianna Fail e Fine Gael se sucederam no poder desde a independência do país do Reino Unido, em 1921. Naseleições de 2020, o Sinn Fein foi o mais votado, mas as siglas centro-direitistas conseguiram formar governo fazendo uma coalizão com o Partido Verde e garantindo, assim, maioria no Parlamento necessária para governar o país.
Durante a campanha deste ano, os dirigentes do Fianna Fail e Fine Gael descartaram a possibilidade de coalizão com o Sinn Fein, o que reduz as possibilidades de o partido integrar o governo.
Manifestantes queimam ônibus em Dublin, na Irlanda

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