Mais de 700 celulares já foram apreendidos na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, de janeiro a outubro deste ano, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp). Segundo o ex-deputado estadual e presidente da Associação dos Policiais Penais de Mato Grosso (ASPPEN-MT), João Batista, esses aparelhos são utilizados para as facções continuarem comandando o crime de dentro dos presídios.
“Na era da internet, você administra uma empresa, por exemplo, nós temos aí CEOs que administram empresas de casa, através da internet. Essas facções criminosas conseguem fazer isso, administram o crime. Um caso recente que tivemos, mas que aconteceu em Cáceres, foi dos presos que determinaram e acompanharam a execução de alguns jovens. Eles fazem isso através desses aparelhos celulares”, disse, em entrevista ao Rdtv Cast.
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Segundo o policial penal, mesmo com a evolução da tecnologia e da técnica utilizada pelos servidores para impedir a entrada desses aparelhos, o sistema consegue ser burlado por esses criminosos.
“Essas facções têm um poder aquisitivo muito grande. Então, elas vão utilizar pessoas de fora, ou às vezes até a corrupção de um ou outro servidor, que são exceções. Nós temos envolvimento dos próprios advogados, de empresas que fornecem serviço para as unidades prisionais. A função desses indivíduos lá dentro é tentar burlar o sistema e a nossa função, enquanto operadores da segurança pública, é impedir”, afirma.
O policial afirma também que mesmo quando conseguem impedir a entrada dos aparelhos da forma comum, os bandidos encontram outras alternativas para manter contato com facções e continuar perpetuando o crime fora das cadeias. “A comunicação deles é feita o tempo todo através de aparelhos celulares”, diz.
“A função desses indivíduos lá dentro é tentar burlar o sistema e a nossa função, enquanto operadores da segurança pública, é impedir”
Ele cita que uma das alternativas usadas é a entrada dos aparelhos dentro do corpo das mulheres, quando vão para a visita íntima. “Elas colocam alguns invólucros que acabam não detectando o sinal pelo aparelho de raio-x e entram com os celulares. Dentro do espaço da visita íntima não há câmeras, o servidor não acompanha. Então nesse momento o visitante tira esses aparelhos e entrega para os presos lá dentro”, afirma.
Por isso, uma discussão necessária defendida pela ASPPEN é a revisão das normas para as visitas íntimas. Além disso, João afirma que é necessária a modernização dos presídios.
“Mas modernizar não é botar ar-condicionado. Não, a modernização que nós falamos é de mudança de paradigma, mudança de atribuição dos nossos servidores. Não é dar moleza para o preso, é melhorar a estrutura física, melhorar o aparelhamento, aquisição de viaturas boas, seguras para os nossos servidores. Precisa trazer novas técnicas, fazer a regulamentação da Polícia Penal aqui no Estado e trazer a valorização para os nossos servidores”, afirmou.