Rodinei Crescêncio/Rdnews
As eleições municipais do dia 06/10 marcaram mais um importante capítulo na política brasileira, revelando tendências significativas em termos de composição partidária, gênero e a polarização entre direita e esquerda.
Composição Partidária:
As eleições municipais de 2024 trouxeram alguns dados importantes sobre a composição partidária e a representatividade no Brasil e em Mato Grosso. No âmbito nacional, observou-se um crescimento expressivo de partidos de centro-direita e direita, consolidando um avanço significativo em relação à última eleição. A polarização política continua influenciando o cenário, mas houve um movimento mais moderado, com partidos tradicionais de centro também conseguindo fortalecer suas bases em várias regiões do país.
Especificamente em Mato Grosso, a composição partidária no estado se manteve dominada por partidos de direita e centro-direita, com o avanço de siglas como o PL e o União Brasil, que conquistaram a maioria das prefeituras e cadeiras nas câmaras municipais. O PL, por exemplo, teve um crescimento significativo na quantidade de vereadores eleitos, mostrando sua força no interior do estado, além de conseguir eleger prefeitos nas maiores cidades do estado. Além disso, houve um aumento na votação de candidatos ligados a pautas conservadoras, o que reflete a continuidade de um eleitorado com inclinação mais tradicional.
Participação feminina e de minorias:
Os dados sobre gênero e diversidade evidenciam que há uma leve, porém crescente, presença de mulheres e minorias no cenário político municipal. Em comparação com eleições passadas, o número de mulheres eleitas, no cenário nacional, como prefeitas e vereadoras aumentou, resultado de uma pressão social por maior representatividade. Apesar disso, a política municipal ainda permanece predominantemente masculina, revelando que há um longo caminho a percorrer para alcançar a paridade de gênero.
Em Mato Grosso, apesar do número de prefeitas eleitas ter caído (de 15 para 13), a quantidade de vereadoras eleitas aumentou consideravelmente.
Polarização ideológica:
A disputa entre direita e esquerda esteve presente em muitas cidades, mesmo no âmbito local, refletindo um cenário de forte polarização que marca o país nos últimos anos. Candidatos com retórica mais combativa, tanto de direita quanto de esquerda, mantiveram influência significativa, enquanto perfis mais moderados também conseguiram se destacar em municípios com eleitorado mais heterogêneo. No entanto, a retórica polarizada em cidades menores não mostrou a mesma intensidade, indicando que, em contextos locais, questões práticas e proximidade com o eleitor pesam mais.
A centralidade das mídias sociais
As mídias sociais foram, sem dúvida, o principal palco das campanhas. Candidatos utilizaram plataformas como Instagram, Facebook e TikTok para alcançar eleitores de diferentes perfis etários e sociais. A rápida disseminação de conteúdo e a possibilidade de interação direta com os eleitores transformaram essas redes em ferramentas indispensáveis para transmitir propostas, construir narrativas e responder a críticas. Campanhas de vídeos curtos e reels no Instagram, por exemplo, foram um sucesso para candidatos que conseguiram engajar, especialmente o público jovem.
No entanto, o uso intensivo de redes sociais também expôs as campanhas a um terreno pantanoso: a proliferação de fake news e ataques digitais. Muitos candidatos tiveram que destinar recursos significativos para o combate à desinformação e para monitoramento digital, garantindo que suas campanhas não fossem prejudicadas por ataques e notícias falsas propagadas pelos adversários. As equipes de comunicação, nesse contexto, se dividiram entre a produção de conteúdo e o controle de danos, exigindo respostas rápidas e estratégias de gestão de crise.
O que essas informações significam?
A eleição municipal deste ano reforça a força das bases partidárias tradicionais, mas revela um novo dinamismo, especialmente com o crescimento de siglas que se alinham a figuras de relevância nacional. A fragmentação do espectro político, somada à necessidade de se conectar diretamente com o eleitorado por meio de campanhas que combinem estratégias online e offline, marcou o tom das disputas.
Para candidatos eleitos, o desafio agora será governar em um ambiente ainda mais plural e polarizado, com a necessidade de construir pontes de diálogo e governança que superem as disputas ideológicas.
Conclusão
As eleições municipais não apenas definiram os rumos das administrações locais, mas também indicaram como se desenhará o cenário para as próximas eleições nacionais. A análise detalhada desses resultados ajudará a compreender como os eleitores se comportam em diferentes regiões e como as estratégias de comunicação política precisam se adaptar a esse novo contexto multifacetado e em constante transformação.