Decisão é resultado direto de determinação da Suprema Corte, que considerou discriminatória a isenção do serviço militar a religiosos. Coalizão que sustenta Netanyahu depende do apoio do setor, que se opõe frontalmente à resolução. Homens ultraortodoxos protestam contra resulução da Suprema Corte de Israel que ordenou a inclusão de religiosos no serviço militar obrigatório, em Jerusalám, em 30 de junho de 2024
Mahmoud Illean/AP Photo
O governo de Israel anunciou que vai começar a convocar jovens ultraortodoxos para o serviço militar já no próximo domingo (21), em uma decisão que pode enfraquecer – ou até mesmo solapar – a coalizão que mantém Benjamin Netanyahu no poder.
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O anúncio é resultado direto de uma decisão histórica do Supremo Tribunal para que jovens religiosos começassem a alistar-se para o serviço militar. Devido a acordos políticos, os homens ultraortodoxos estavam historicamente isentos do recrutamento, que é obrigatório para a maioria dos homens judeus.
As isenções criaram ressentimento entre a população israelense geral, especialmente depois de mais de nove meses de guerra contra o Hamas em Gaza.
A convocação das Forças Armadas é o início de um processo de alistamento que dura meses e que pode ser difícil de aplicar se houver uma recusa em grande escala de religiosos em cumpri-la. O Exército não disse quando espera que os homens ultraortodoxos comecem a servir ou quantos espera alistar.
O tribunal decidiu que o sistema de isenções, que permite aos homens religiosos estudar em seminários judaicos enquanto outros são forçados a servir nas Forças de Defesa de Israel (FDI), era discriminatório. Os líderes ultraortodoxos dizem que o estudo religioso é igualmente importante para o futuro do país e que o seu modo de vida de gerações anteriores será ameaçado se os seus seguidores estiverm sujeitos ao alistamento.
A coalizão que sustenta o governo de Netanyahu depende do apoio de partidos ultraortodoxos que se opõem às mudanças no sistema. Os líderes religiosos não disseram que medidas irão tomar. Se abandonarem a coligação governante, o governo provavelmente cairá e o país será lançado em eleições antecipadas dois anos antes do previsto.
Tentativas anteriores de alistar homens ultraortodoxos desencadearam protestos em massa em comunidades ultraortodoxas.
Centenas de homens ultraortodoxos bloquearam uma estrada principal no centro de Israel durante várias horas na terça-feira na cidade ultraortodoxa de Bnei Brak, perto de Tel Aviv. A polícia a cavalo empurrou a multidão para trás e os policiais arrastaram os manifestantes para longe. A polícia disse que nove pessoas foram presas.
“O exército não é um exército para lutar. É um exército com doutrinação” contra a religião, disse Yona Kay, um manifestante. “Portanto, nossos filhos, nossos meninos – e eu tenho um filho aqui – não irão para o exército, nem por um minuto.”
Na noite de segunda-feira (15), dezenas de ultraortodoxos cercaram os carros de comandantes militares sêniores que se reuniam com rabinos locais em Bnei Brak para discutir uma unidade ultraortodoxa nas FDI. A multidão ameaçou os policiais, chamando-os de “assassinos” e jogando garrafas, segundo a mídia israelense.
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