Investigadora diz que história foi distorcida: “Quero que pesadelo acabe” | …

A investigadora K.C.R., de 39 anos, acusada de atirar no marido, o delegado B.L.B, 47, durante uma discussão na tarde de segunda-feira (12), relata que vem sofrendo violência doméstica desde o início do casamento e que disparou um tiro contra o chão, durante a briga, para cessar a agressão praticada pelo marido. Ela também acredita que ele está sendo protegido pelo cargo que ocupa. “Estou muito machucada, só quero que esse pesadelo acabe”, desabafa. 

O casal estava a passeio em Chapada dos Guimarães (a 65 km da Capital), quando aconteceu a situação. Em conversa com o , a investigadora contou seu lado da história e afirmou que está muito abalada com os acontecimentos.

“Ao logo desse casamento de um ano e dois meses, eu já vinha sofrendo violência. No começo estava péssimo, muito ciúmes, muita insegurança, qualquer tipo de besteira havia violência verbal e física. No fim do ano passado tinha melhorado, tentamos amadurecer o relacionamento, tentei deixar ele mais seguro, restringindo comportamentos pessoais, parei de ir para a academia, mudei a maneira de me vestir, fiz tudo que pudesse mudar o sentimento de insegurança que estava imperando no relacionamento que era gatilho para eu sofrer essa violência”, relata.

Rodinei Crescêncio

pol�cia civil feminina - mulher - arma

Segundo a policial civil, nessa segunda, recesso de Carnaval, o casal estava na casa que eles têm em Chapada, quando teve início uma briga por ciúmes do padrasto da mulher. O delegado disse que queria voltar para Cáceres, onde moram, e começou a colocar as coisas no carro. A esposa foi junto para convencer ele a desistir, já que o marido estaria extremamente alcoolizado.

“Saiu muito nervoso, carro cantando pneu. Eu pedi para ele voltar, já que meus documentos e pertences tinham ficado. Ele voltou nervoso e parou na porta da casa. Ali ele me agrediu. Por não ser a primeira vez, eu queria que tivesse ficado como sempre ficou, no quintal de casa. Todas as vezes eu me calei, tentei resolver dentro de casa, como milhares de mulheres fazem, porque não queria passar pelo julgamento, seja o da própria polícia ou da sociedade”, desabafa.

Ela registrou um boletim de ocorrência e passou por exame de corpo de delito, pois estava com lesões corporais. Ele chegou a ser preso e foi liberado. A policial civil narra que já passou por situações de violência doméstica no passado e foi muito doloroso.

Ele estava alcoolizado, tem testemunha que viu ele me agredindo, mas toda a situação foi invertida. Ele não foi afastado, continua como um líder de uma regional, está trabalhando normalmente e está mostrando a força que tem como delegado

“Quando tomei uma medida, passei um constrangimento muito grande para, no final, ele ter uma pena muito branda. O processo todo é muito dolorido”, pontua.

“Pode parecer estranho por eu ser policial, por atuar inclusive em defesa de mulheres em correntes de violência doméstica, mas estou narrando um fato que acontece não só comigo, mas com outras pessoas que também estão em cargos de segurança, têm autoridades máximas que sofrem e ficam caladas. Porque as pessoas têm medo de se expor”, confidencia.

Segundo a investigadora, ela não queria que o caso viesse à tona, mas quando viu a proporção que tomou, quis se pronunciar. “Ele estava alcoolizado, tem testemunha que viu ele me agredindo, mas toda a situação foi invertida. Ele não foi afastado, continua como um líder de uma regional, está trabalhando normalmente e está mostrando a força que tem como delegado”, afirma.

De acordo com a policial, o filho da investigadora já presenciou outras agressões e foi morar com o pai dele neste ano, como forma de proteção.

“Não houve tentativa de homicídio de ninguém. O disparo foi para cessar aquele ciclo de violência. Não foi aberto inquérito de tentativa de homicídio porque não existe essa situação, ela é inverídica. Você passa pelo julgamento, vem a exposição e tem uma nítida proteção institucional. O meu filho chegou a presenciar violência na relação e decidiu que esse ano ia morar com o pai, e eu concordei para protegê-lo, acreditando que a relação fosse amadurecer e isso fosse parar, mas olha aonde chegou”, lamenta.



Fonte

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *