Reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza termina sem consenso sobre texto final

Um dos principais temas era a criação de um corredor humanitário entre a Faixa de Gaza e o Egito. Ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, que presidiu o encontro, diz que negociações vão continuar. Mauro Vieira defende “acesso humanitário urgente para as áreas mais atingidas” em reunião na ONU
A reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (13) terminou sem consenso sobre um texto final.
Participantes do encontro afirmaram que conversas continuarão, de modo informal daqui em diante, para a costura de um documento que reflita uma posição de acordo entre todos os membros.
Um dos principais temas do encontro foi a criação de um corredor humanitário que ligue a Faixa de Gaza ao Egito.
Território palestino na fronteira com o Egito e Israel, Gaza tem sido alvo de bombardeios do exército de Israel desde o fim de semana, em reação ao ataque terrorista do Hamas ao território israelense. O governo de Israel quer enfraquecer as bases do Hamas em Gaza.
A reunião do conselho foi antecipada para esta sexta a pedido do Brasil, que preside o órgão neste mês de outubro. O encontro foi comandado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Ele disse que o Brasil vai se esforçar pela chegada de um acordo dentro do Conselho de Segurança e ressaltou a preocupação com as mortes no conflito.
“Ao final, após pedido de membros do Conselho, o Brasil vai continuar a trabalhar continuamente com todas as delegações visando uma posição unificada do Conselho para a situação”, afirmou Vieira.
Segundo Vieira, o Brasil vai se esforçar para evitar “mortes e derramamento de sangue”. Ele também defendeu, na reunião, a liberação dos cerca de 150 reféns feitos pelo Hamas.
“O Brasil vai continuar a promover o diálogo entre os membros e a ação por parte do Conselho através da abertura de possíveis vias de negociação. O objetivo é claro e imediato: evitar mais derramamento de sangue e perda de vidas, e tentar garantir o acesso humanitário urgente e desimpedido às áreas afetadas”, explicou o ministro.
Ele relatou ainda que uma nova reunião do Conselho pode ser marcada para aprovar uma eventual resolução de consenso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mobilizado esforços diplomáticos nos últimos dias para abrir o corredor humanitário entre Gaza e o Egito. A ideia do corredor é servir de saída para civis que queiram deixar Gaza e de entrada de alimentos, remédios e água.
A proposta do corredor humanitário foi bem recebida pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que decidiu apoiar a antecipação da reunião.
Representante da Rússia na ONU, o embaixador Vassily Nebenzi afirmou que o país apresentou uma proposta de resolução ao conselho e que aguarda a adesão dos demais membros até este sábado (14).
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Prazo para retirada
Em um desdobramento do confronto, o exército israelense deu um prazo de 24 horas para que civis deixassem a Cidade de Gaza, que fica ao norte da Faixa. O prazo para evacuação se encerrou às 18h desta sexta, no horário de Brasília. Israel fez o aviso porque pretende atacar a região.
Estão nessa área 22 brasileiros que querem voltar ao Brasil e contam com ajuda do governo Lula. Eles foram abrigados em uma escola católica e devem ser levados de ônibus para o sul da Faixa ao amanhecer. O governo brasileiro avaliou que o trajeto era perigoso à noite.
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A diplomacia do Brasil negocia com o Egito para tentar levar esses brasileiros por terra de Gaza até a fronteira do Egito e, naquele país, até o Cairo, a capital. Do Cairo um avião da Presidência da República do Brasil embarcaria com o grupo. Mas o Egito ainda não autorizou nem a o traslado do grupo por terra nem o pouso do avião.
Composição do Conselho de Segurança
O Conselho tem cinco membros permanentes. Qualquer um deles tem poder de veto sobre qualquer decisão:
China
Estados Unidos
França
Reino Unido
Rússia
Os membros não permanentes ficam por dois anos. No momento, são:
Albânia
Brasil
Emirados Árabes Unidos
Equador
Gabão
Gana
Japão
Malta
Moçambique
Suíça
O Brasil é o segundo país que mais ocupou a cadeira de membro não permanente: 11 vezes. O Japão é o primeiro lugar.

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