Brasil preside o colegiado das Nações Unidas em outubro e convocou reunião emergencial no fim de semana após escalada do conflito no Oriente Médio. Conflito entre Hamas e Israel entra no terceiro dia
O Brasil condenou os ataques contra civis na escalada do conflito entre israelenses e palestinos e pediu máxima contenção dos países em reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas neste domingo (9), informou o Ministério das Relações Exteriores em nota.
A reunião emergencial do conselho foi feita a portas fechadas e sem entrevista posterior. O encontro em Nova York foi convocado na véspera pelo Brasil – membro rotativo do Conselho de Segurança e presidente do colegiado durante o mês de outubro.
“Ao lamentar profundamente a perda de vidas, o Brasil condenou os ataques contra civis. Sublinhou que as partes devem se abster da violência contra civis e cumprir suas obrigações perante o direito internacional humanitário”, diz a nota divulgada pelo Itamaraty nesta segunda (9).
“O Brasil conclamou todos à máxima contenção para evitar uma escalada, com consequências imprevisíveis para a paz e a segurança internacional. Enfatizou ser urgente desbloquear o processo de paz, prossegue.
“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, conclui o comunicado.
Conselho de Segurança da ONU teve uma reunião de emergência pra discutir a crise no Oriente Médio
Governo vai resgatar brasileiros na região
O primeiro avião enviado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a operação de resgate de brasileiros na zona de conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas pousou em Roma, na Itália, na manhã desta segunda-feira (9).
Segundo a Aeronáutica, a aeronave modelo KC-30, com capacidade para até 230 passageiros, chegou à capital italiana às 7h48 no horário local (2h48, no horário de Brasília).
Até a última atualização desta reportagem, o governo ainda não tinha divulgado a lista de passageiros e o horário previsto de chegada do avião ao aeroporto Ben-Gurion, nos arredores de Tel Aviv.
O avião foi deslocado para a Europa para facilitar a logística de remoção dos brasileiros na área conflagrada. Até a noite de domingo (8), o Ministério das Relações Exteriores ainda tentava fechar o plano logístico para chegar a Israel e buscar os passageiros.
Contatos para brasileiros
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a embaixada do Brasil em Tel Aviv disponibilizou em seu site um formulário para inscrição de brasileiros interessados nos voos de repatriação. A embaixada transmitirá instruções para deslocamento ao aeroporto de Ben-Gurion à medida que se confirmem os voos.
O site da embaixada é: https://www.gov.br/mre/pt-br/embaixada-tel-aviv
No sábado, o ministério também informou três contatos para brasileiros em situação de emergência – os três, com o aplicativo WhatsApp instalado:
Escritório em Ramala: +972 (59) 205 5510
Embaixada em Tel Aviv: +972 (54) 803 5858
Plantão consular geral, em Brasília: +55 (61) 98260-0610
Até este domingo, o Itamaraty tinha identificado um brasileiro ferido e três desaparecidos em Israel. Não há registro de brasileiros entre os mortos.
Israel declara guerra após ataque do Hamas; entenda
Entenda a escalada do conflito
Como começou o conflito entre o Hamas e Israel? A mais recente disputa na região começou em 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque-surpresa contra Israel. Essa foi a mais violenta ação contra o território israelense dos últimos 50 anos. Os serviços de inteligência do país não conseguiram antecipar que uma ofensiva dessa magnitude estava sendo preparada.
O que é o Hamas? O grupo extremista armado é uma das maiores organizações islâmicas do mundo e, desde 2007, controla a Faixa de Gaza. O Hamas é considerado um grupo terrorista por países como os Estados Unidos e o Reino Unido.
Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou lançados 5 mil foguetes. Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país. Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.
Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação. “Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.” Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.
Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indica que ao menos 1.120 pessoas morreram, sendo 700 em Israel, 413 na Faixa de Gaza e sete na Cisjordânia. Milhares de pessoas ficaram feridas.
O que é e onde fica Faixa de Gaza? É território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito. Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km² — um pouco menor que Santa Catarina. Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.
Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.
Quando Israel foi reconhecido como um Estado? Em 1948. Desde então, vem ocorrendo uma disputa por território na região, e vários acordos já tentaram estabelecer a paz na região, mas nenhum deles teve sucesso.
Qual é a diferença entre israelenses e palestinos? Israelenses são cidadãos do Estado de Israel, criado em 1948. Palestinos são o povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
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